Dezenove municípios do oeste e sudoeste do Paraná decretaram estado de emergência por causa da estiagem. Francisco Beltrão, onde a falta de chuva tem sido mais inclemente, adotou a medida no final da tarde de ontem. As chuvas, que a partir de novembro deveriam apresentar uma média mensal de 200 a 250 ml, alcançaram um total 112 ml nos últimos três meses em Francisco Beltrão – ou seja, pouco mais da metade da média mensal mais baixa do período.
?A situação é crítica?, definiu Adriana Salvadori, secretária de Agricultura de Francisco Beltrão, município de 70 mil habitantes que tem na agropecuária sua principal atividade econômica.
O Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria de Agricultura do Paraná, informou na semana passada que os prejuízos com a estiagem no Estado seriam de R$ 13,9 milhões devido a uma redução estimada de 17,4% na safra de grãos. A safra prevista, de 21,85 milhões de toneladas, se reduziria a 18,05 milhões de toneladas. Em Francisco Beltrão, a quebra da safra do milho era estimada em 75% e a da soja, em 50%.
A informação se baseava em levantamento concluído no dia 16 e o Deral advertia que a situação se agravaria se não chovesse com regularidade. Não choveu. E a previsão de chuvas do Sistema Meteorológico do Paraná é pessimista. Esperam-se chuvas pontuais e esporádicas. Nada de chuva em abundância e generalizada.
A Secretaria de Agricultura de Francisco Beltrão prevê agora que com a persistência da seca, 90% do milho e 75% da soja estejam perdidos. O levantamento do Deral previa um prejuízo de R$ 31 milhões para Francisco Beltrão. ?Quanto vamos realmente perder, não sabemos ainda?, lamentou a secretária de Agricultura. O orçamento do município para este ano é de R$ 72 milhões. A seca está prejudicando a produção leiteira e é uma ameaça para a avicultura. O frigorífico da Sadia é abastecido por 850 aviários, muitos dos quais estão recebendo água por meio de caminhões-pipa.
?A seca está pegando pesado?, reconheceu Gilca Cardoso Andretta, coordenadora do Departamento de Estatísticas do Deral. Segundo ela, novo levantamento sobre a produtividade desta safra somente será realizado no final do mês. ?Os prejuízos serão maiores, certamente?, disse, já que ?a estiagem está persistindo?.
Wilson Schwantes, prefeito de Mercedes, no Oeste, prevê que, por causa da seca, terá que reduzir o cronograma de obras. Pavimentação de ruas e abertura de estradas vicinais estão temporariamente suspensas. ?Estamos sentindo na pele os prejuízos do campo?, observou. Ele disse esperar que o estado de emergência sensibilize o governo federal a ?dar mais atenção ao agricultor?, que – indicou – precisa com urgência de novas linhas de financiamento.
A seca no Sudoeste e Oeste ocorre pelo segundo ano consecutivo, agravando a situação dos produtores rurais. No ano passado eles foram socorridos pelo governo estadual, que criou a bolsa-estiagem, destinada, no entanto, somente aos pequenos agricultores.
