Vinte usinas hidrelétricas e termoelétricas venderam energia no leilão realizado, ontem, pelo governo federal para reduzir a exposição das distribuidoras de energia elétrica (sem contrato para atender o mercado). Dois terços do volume contratado foram vendidos pelas estatais Eletronorte e Furnas, do Grupo Eletrobrás, e Petrobrás. O restante ficou com empresas privadas, como BTG Pactual, EDP, Tractebel e Votorantim Energia.
No mercado, a surpresa veio exatamente da presença das empresas privadas. Em relação às estatais, já era esperada a presença forte da Petrobrás, por exemplo, que tinha um volume elevado de energia descontratada. “Sabíamos que haveria interesse das empresas privadas, mas foi acima do esperado”, afirmou o presidente da comercializadora Comerc, Cristopher Alexander Vlavianos.
No relatório da empresa, divulgado no fim do dia, ele destaca que o leilão foi um bom negócio para os vendedores, que negociaram sua energia, em média, por R$ 268,33 o MWh por cinco anos. Do ponto de vista das distribuidoras, o negócio foi superpositivo, uma vez que as empresas não estão expostas ao preço do mercado à vista, de R$ 822 o Mwh.
Impactos na tarifa
De qualquer forma, o leilão trará impactos na tarifa do consumidor já neste ano. Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, as próximas empresas que terão reajustes anuais já contemplarão o resultado do leilão. A agência reguladora vinha considerando no mix de energia para reajuste anual um valor em torno de R$ 160 o MWh. A diferença de R$ 108 vai elevar a conta do consumidor.
Rufino destacou que boa parte dos aumentos – elevados – autorizados pela Aneel neste ano são decorrentes da recontratação de energia no fim do ano passado por R$ 192 o MWh. “O que temos de exaltar é que não vamos comprar energia a R$ 822, mas a R$ 268. O impacto será bem menor para os consumidores”, argumenta o diretor da Aneel.
Questionado sobre casos específicos, Rufino afirmou que para AES Eletropaulo, que atende São Paulo, o impacto deve ser pequeno porque a empresa tinha uma parcela pequena de energia sem contrato. Já para a Copel, o impacto deve ser maior. “A Copel deve ter sido a maior compradora do leilão”, afirmou ele.
Trunfo
Desde a assinatura do contrato de empréstimo dos R$ 11,2 bilhões entre Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e dez bancos públicos e privados, na sexta-feira, o governo tem evitado falar sobre previsões de reajustes de tarifas.
O trunfo do governo federal é que a partir do ano que vem cerca de 5 mil MW de energia serão devolvidos para o Estado, o que terá um efeito redutor nas tarifas do consumidor, avalia o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Hoje, diz ele, essa energia está sendo negociada a um preço em torno de R$ 110 o Mwh.
Com a devolução das usinas, o preço deverá cair para algo entre R$ 20 e R$ 30, o que será repassado para o consumidor. ( Colaborou Luciana Colet) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.