No mercado, já é dado como certo que Petrobras e Eletrobras vão precisar de aporte do Tesouro. As estimativas em relação às cifras, porém, não são nada consensuais, especialmente para a petroleira.
A estatal teve várias perdas. Perdeu com a corrupção, investigada na Operação Lava Jato. E viu o caixa sangrar no período em que o governo de Dilma Rousseff, para controlar a inflação, impediu os reajustes do combustível no mercado interno, enquanto pagava caro por ele no mercado internacional. Com a queda no preço do petróleo, os custos para a exploração do pré-sal vão se tornando impeditivos.
Alguns acreditam que Petrobras vai precisar ao menos de R$ 100 bilhões para quitar as dívidas que vencem neste ano e no próximo. Entre 2016 e 2019, vencem R$ 252,9 bilhões em dívidas. Outros projetam que a conta vai passar de R$ 200 bilhões para que a estatal consiga estabilizar a relação entre dívida e Ebitda (índice que mede o peso do endividamento olhando quantos anos de geração de caixa são suficientes para quitar os débitos). No último balanço, estava em 5,3 anos, mais que o dobro dos 2,5 palatáveis para uma companhia de seu porte. A Moody’s, em relatório que avalia eventuais passivos contingentes no Brasil, estimou que nos próximos três anos a Petrobras pode demandar aportes equivalentes a 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB): cerca de R$ 330 bilhões.
Fontes próximas à diretoria, que não querem ter o nome revelado, afirmam que a Petrobras tem condições de seguir adiante “sem um tostão do Tesouro”. O argumento: implementou um agressivo plano de vendas de R$ 14 bilhões em ativos e tem “convicção” de que vai conseguir cumpri-lo. Na semana que passou, a empresa anunciou a venda de US$ 1,3 bilhão em participações em subsidiárias no Chile e na Argentina.
Eletrobras
O valor da capitalização da Eletrobras seria mais baixo, mas não menos expressivo: ficaria próximo de R$ 50 bilhões, estimam fontes ligadas à empresa. A estatal já vai receber R$ 1 bilhão e pleiteia outros R$ 5,9 bilhões de aportes previstos no orçamento. A Eletrobras tem perdas recorrentes com distribuidoras no Norte e Nordeste. Os acionistas minoritários querem que elas sejam vendidas, mas a proposta não avança porque o acionista controlador, a União, é contra.
A assessoria de imprensa da Petrobras preferiu não se manifestar. A assessoria da Eletrobras disse que a estatal não comenta especulações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.