Estados querem barreiras a produtos britânicos

O foco de febre aftosa descoberto na última sexta-feira na Inglaterra pode fazer com que o Brasil tome medidas preventivas em relação à importação de produtos ingleses e também dos países vizinhos, como Escócia e Irlanda. Apesar de o Brasil importar predominantemente produtos processados da região, as aquisições de animais vivos e material genético certamente serão impedidas. "Vamos avaliar se as restrições podem ser impostas a possíveis vetores mecânicos de transmissão do vírus, como vegetais, frutas e frios", disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Carne (Abiec), o ex-ministro da Agricultura Marcus Vinícius Pratini de Moraes. Podem fazer parte desta lista presuntos, carnes preparadas e resfriadas, além de alimentos de luxo.

O ex-ministro embarcou neste sábado (4) para Bonito (MS), onde se reunirá amanhã com os governadores membros do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), entidade formada pelos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "Vamos ver que medidas os Estados podem tomar mas a idéia é impor barreiras contra produtos da Inglaterra e seus vizinhos Escócia e Irlanda", disse Pratini de Moraes, ao lembrar que os Estados podem tomar medidas independentemente de uma ação em âmbito federal.

A decisão dos Estados do Codesul em impedir a entrada de produtos que possam trazer o vírus da aftosa para o Brasil de alguma maneira é uma forma de proteger o rebanho nacional. Na avaliação do ex-ministro, os pecuaristas brasileiros não podem correr o risco de ter os animais contaminados, em um momento em que o País bate recordes consecutivos de exportação de carne bovina. "Devemos exportar este ano cerca de US$ 4 bilhões e o controle dos produtos que entram no Brasil e são provenientes daquela região precisa ser rigoroso", afirmou Pratini de Moraes. O rebanho brasileiro possui aproximadamente 180 milhões de cabeças.

Em visita ao México, onde trabalha para abertura de mercados para produtos agrícolas do Brasil, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, falou à Agência Estado que o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, que o acompanhava, já retornou ao Brasil para tratar desse assunto. "Ainda é prematuro tomar qualquer tipo de decisão. É preciso fazer análises e checar as informações, mas qualquer medida restritiva, se acontecer, será tomada entre segunda e quarta-feira da próxima semana", disse Stephanes, por telefone.

Para o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, é natural a imposição de barreiras às importações quando acontecem casos dessa natureza. "De modo geral, elas são provisórias e preventivas", afirmou Porto. O secretário lembrou que, no caso inglês, o procedimento quanto à ocorrência de febre aftosa é isolar a área do foco, abater todos os animais e manter restrita a comercialização de produtos apenas na região onde o foco foi identificado.

A gravidade do foco de febre aftosa na Inglaterra está relacionada ao fato de os ingleses não vacinarem seu rebanho. Por esse motivo, as chances de novos focos serem identificados são grandes, uma vez que o vírus pode ser transportado por rios, veículos, ar e outras formas, contaminando novas áreas. Até o momento, o tipo do vírus ainda está sendo analisado para se identificar a origem da doença. Existe a chance de a doença ser proveniente da Irlanda, seguindo a mesma rota de 2001, quando milhares de animais foram abatidos em todo o Reino Unido.

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