O Governo do Estado já começou estudos para buscar alternativas para os motoristas que não quiserem pagar pedágio no Anel de Integração. A PR 090, que liga Curitiba a Londrina, e a BR 487, que faz a ligação da Capital com Porto Camargo, serão as primeiras opções. O anúncio foi feito, ontem, pelo secretário dos Transportes, Waldyr Pugliesi e pelo diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Rogério Tizzot.
Os valores estimados para a realização das obras de pavimentação, restauração e melhoria de alguns trechos da BR-487, mais conhecida, no trecho entre Campo Mourão e Icaraíma, como estrada da Boiadeira e da PR-090, também chamada estrada do Cerne, são da ordem de R$ 171 milhões e R$ 135 milhões, respectivamente.
De acordo com Pugliesi, parte destes recursos será pleiteada junto ao governo federal e a outra parte deve vir dos cofres do Estado, numa parceria entre os dois poderes. Esta vai ser uma das reivindicações que o Paraná vai apresentar hoje ao Ministro dos Transportes, Anderson Adauto de Oliveira, durante a visita dele ao Estado. “Nós vamos buscar ajuda junto ao governo federal para acabar com esta ditadura do pedágio”, afirmou o secretário. “A economia do Paraná não suporta as tarifas que estão sendo cobradas”, completou.
Pugliesi destacou também que em apenas vinte dias de governo as equipes técnicas já começaram a encontrar soluções à cobrança do pedágio. Os técnicos estão empenhados em apresentar significativas propostas de estradas e rodovias que possam ser utilizadas pelos motoristas. Segundo ele, esta é uma exigência não só da população, mas do próprio governo estadual. “Nós vamos democratizar o uso das rodovias em todo o Estado, e estamos abertos à negociação mas parece que as concessionárias estão querendo bater de frente com o governo”, declarou. “Nós queremos é que o povo paranaense tenha condições de optar entre pagar ou não as tarifas”.
Segundo ele, as obras anunciadas já faziam parte do cronograma do Estado e, além de serem alternativas ao pedágio, as duas estradas vão ajudar a incrementar a economia das regiões Norte, Noroeste e Sudoeste do Estado. As rodovias vão dar vazão ao complexo de Pontes de Porto Camargo por trechos não pedagiados, diminuindo o custo dos fretes. “Nós estamos buscando concretizar a proposta apresentada pelo governador durante a campanha. O governo Requião é um porta-voz da vontade popular”, declarou.
O diretor-geral do DER, Rogério Tizzot, explicou que os técnicos do departamento já estão estudando outras possibilidades no mapa viário do Paraná. Uma delas seria a melhoria das condições de tráfego no corredor Sudoeste, interligando Curitiba, Lapa, União da Vitória , Palmas e Francisco Beltrão, facilitando o acesso a Foz do Iguaçu. “Essas estradas são alternativas aos usuários e ao povo do Paraná, que já se mostrou contrário à cobrança do pedágio”, destacou.
Em busca de solução para obras no porto
O governador Roberto Requião recebe hoje o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, para uma reunião de trabalho no Porto de Paranaguá. O encontro – que terá a participação do secretário dos Transportes, Waldyr Pugliesi, e do superintendente do porto Eduardo Requião permitirá aos governos federal e do Paraná negociar diversas questões relacionadas ao desenvolvimento do terminal.
Um deles se refere a mudança de “delegação” para “concessão” do porto. Até o ano passado, o porto era uma concessão do Governo Federal para o Estadual e voltou a ser uma delegação o que, para a direção do porto, passou a criar conflitos entre as legislações federal e estadual. “A volta da concessão apararia estas arestas”, defende o superintendente Eduardo Requião.
A recuperação das vias de acesso ao Porto de Paranaguá, num total de 14 quilômetros de extensão, será outro dos assuntos a ser discutido. Um convênio firmado entre a direção do porto e o governo poderá garantir o repasse de R$ 12 milhões para as melhorias. Segundo Eduardo Requião, o porto poderá solicitar o envio de recursos para a licitação das obras, com a contrapartida da administração portuária, que irá arcar com os custos do Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima) do projeto.
A recuperação dessas vias busca diminuir o impacto que os mais de 1,3 milhão de caminhões/ano trazem às ruas da cidade. “Paranaguá, com mais de 350 anos, não está preparada estruturalmente para receber tantos veículos pesados e, por isso, sofre com o trânsito de caminhões diariamente”, explica ainda Eduardo Requião.
Desenvolvimento
Com uma faixa portuária de cerca de 2,6 quilômetros, o Porto de Paranaguá ocupa a segunda colocação entre os mais importantes do País. Em dois anos consecutivos o terminal paranaense superou a marca dos 28 milhões de toneladas movimentadas, com maior destaque para o complexo soja, produto que o coloca como um dos principais da América Latina na exportação de grãos.
Pelo crescimento de sua movimentação e de negócios firmados com novos clientes, a comunidade portuária aguarda a continuidade do processo de licitação para ampliação do cais em mais 820 metros. Com as obras, orçadas em cerca de R$ 190 milhões, o Porto de Paranaguá contará com novos três berços de atracação, que se somam aos 16 existentes. Além do aumento do cais a Oeste, o porto também precisa ser ampliado em mais 170 metros no sentido leste, onde está instalado o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), responsável pela obra.
O processo de licitação, que estava na fase de análise das propostas, foi suspenso por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que argumenta a necessidade de maior transparência em todas as concorrências públicas a partir de agora. Quatro consórcios e uma empresa apresentaram propostas. Segundo o Ministério dos Transportes, a suspensão não significa veto.