Atualmente, 28% dos gastos da indústria naval brasileira são com material importado, enquanto as peças brasileiras respondem por apenas 24%. A intenção de aumentar a participação da indústria nacional na fabricação de embarcações, principalmente as voltadas à produção de petróleo, resultou na confecção de uma lista de empresas potenciais fornecedoras para o setor, que demanda cerca de 1,8 mil itens diferentes.
Ontem, em Curitiba, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) promoveu o lançamento estadual do chamado Catálogo Navipeças. O catálogo foi criado por iniciativa da Organização Nacional da Industria do Petróleo (Onip) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e ainda está em desenvolvimento.
De acordo com o gerente de Fomento e Desenvolvimento da Diretoria de Desenvolvimento e Negócios da Fiep, Gustavo Fanaya, há uma série de produtos que a indústria naval necessita, e que são produzidos por empresas do Estado, de diversos tamanhos.
“Os estaleiros são apenas a ponta da cadeia”, afirma. “A indústria precisa de parafusos, pisos, janelas, portas, e até alimentos e roupas”, completa. O grande problema, segundo Fanaya, é que os fabricantes desses itens não se enxergam como fornecedores da indústria naval, apesar de, muitas vezes, já fabricarem produtos que o setor necessita. “Assim, os nossos estaleiros são obrigados a adquirir os itens fora do País”, conclui. Isso, lembra ele, leva o segmento a ter um nível baixo de nacionalização.
Em sua explanação aos empresários que compareceram ao lançamento do catálogo, o engenheiro Rogério Boeira, do departamento de Petróleo e Gás do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou que o banco destinou um papel prioritário ao setor, e que está tentando cercar por todos os lados as indústrias que podem fornecer ao segmento. Uma das formas de iniciar essa participação, disse ele, é por meio do catálogo.
Para serem incluídas no catálogo, que promete ser referência internacional, as empresas devem fazer um cadastro gratuito no site www.onip.org.br/navipecas. Em seguida, elas enviam documentos que comprovam aspectos técnicos e jurídicos, e aguardam aprovação pela Comissão de Avaliação de Empresas (CAE). Se aprovadas, elas podem, por exemplo, participar de rodadas de negócios com empresas demandantes e grupos de trabalho do setor, além de receber informativos e convites para eventos.