A informação mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra paranaense de café, divulgada este mês, mostra que o Paraná teve a maior queda de produção do País e confirma uma decadência da cultura em que o Estado já foi líder nacional.

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Porém, nem tudo é crise quando se fala em café, no Paraná. Fazendas que produzem versões especiais do grão, na região do Norte Pioneiro, estão em franco crescimento e têm a intenção de criar uma identificação própria para vender, para o mundo, seus produtos, que chegam a valer, em leilões, até R$ 750 a saca de 60 quilos.

“Após a geada de 1975, o Estado praticamente saiu do mapa dos grandes compradores de café mundiais”, diz o diretor de Produção e Qualidade da Fazenda California, Luiz Roberto Rodrigues.

A tradicional propriedade, no município de Jacarezinho, está entre os membros da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) que, sob a orientação de instituições como o Sebrae, estão em processo de desenvolvimento de uma identificação geográfica, que deve ser aprovada em 2010, para os cafés da região.

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As condições de clima e solo da região são, segundo ele, perfeitas para produção de cafés de qualidade. Porém, o produtor acredita que os cafés brasileiro e paranaense têm uma imagem depreciada no mundo, sendo identificados como um produto barato para servir de base para misturas na indústria.

 “Nossa maior concorrência no momento é a nossa própria falta de profissionalismo”, analisa, ao se referir à falta um planejamento estratégico entre as regiões produtoras de cafés especiais.

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Rodrigues lembra que, enquanto o consumo de café cresce entre 1 e 2% ao ano no mundo, o mercado de cafés especiais aumenta entre 12 e 15%. E a recente organização das fazendas da região está de olho nesse público.

“Produzir esses cafés custa mais, mas o que buscamos são mercados maduros o suficiente para que reconheçam esse diferencial de qualidade e paguem por ele”, afirma.

Compradores interessados nesses produtos de maior qualidade não faltam. Segundo Rodrigues, cafés de maior pontuação têm sido absorvidos pelo mercado interno mesmo.

Já lotes com pontuações ainda altas, entre 78 e 83, vão para o mercado internacional. Ele informa que uma saca de café avaliado em 85 pontos saiu, recentemente, por R$ 748 em um leilão.

Disputa

Uma das compradoras assíduas em leilões de cafés é a empresária Georgia Franco de Souza, da curitibana Lucca Cafés Especiais. Segundo ela, as regiões de Piatã (BA) e de Carmo de Minas (MG) vêm sendo as campeãs nacionais de qualidade, com sacas de 48 quilos sendo negociadas a até R$ 4,8 mil em disputadíssimos leilões com participantes do mundo todo.

Ela conta que cafés especiais, que recebem pontuação mínima de 80, são leiloados por no mínimo R$ 480 – cafés comuns chegam no máximo a R$ 290. De acordo com a empresária, como as cafeterias especializadas em cafés especiais normalmente são pequenas, elas se organizam em grupos para poderem concorrer à altura com compradores estrangeiros.