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Guido Mantega: este é um dos maiores desafios. |
São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a apreciação cambial atualmente ?é quase inevitável?. ?Entre os desafios do governo, hoje, este é um dos maiores?, comentou. Segundo ele, a apreciação cambial tem entre outras causas superávits robustos de comércio e conta corrente, e forte fluxo cambial. ?Evidentemente, isso traz prejuízo para alguns setores da economia?, afirmou.
Ele disse ainda que, hoje, é ?inadmissível? que o Brasil seja mero exportador de matéria-prima e salientou que produtos com maior valor agregado são produzidos fora do País e acabam voltando para o Brasil. Por este motivo, segundo o ministro, é importante garantir a diversificação da produção brasileira. ?Não podemos depender só de commodities?, avaliou. Seu objetivo é de que quando o preço das commodities cair, o Brasil já detenha uma indústria manufatureira importante.
Ainda que as projeções do ministro para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) sejam acima das do mercado, ele admitiu que o avanço não será semelhante ao da China. ?Não digo que será semelhante ao da China, que tem crescimento há mais de 20 anos, mas temos como crescer continuamente ao longo da década?.
PIB
Mantega previu que em 2007 o Brasil pode ter o sétimo maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, expectativa que já considera a nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para cálculo do PIB. ?Precisamos acelerar a taxa de crescimento, mas com inflação baixa e equilíbrio fiscal?, salientou, durante evento organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em homenagem ao ministro, que foi professor da Fundação.
Ele também ressaltou que hoje a relação dívida/PIB está em 45% e disse acreditar que esta continuará em queda, podendo, em três ou quatro anos, caminhar para 36% ou 37% do PIB. Disse ainda que o governo dará continuidade às reformas ao longo do segundo semestre e que uma das vantagens do Brasil é ter um mercado consumidor robusto.
Spread
Mantega disse, ainda, que o Ministério da Fazenda, em parceria com o Banco Central (BC), estudará medidas para reduzir o spread bancário – diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e a taxa efetivamente cobrada dos clientes – no País.
Mantega afirmou ainda que os bancos oficiais vêm liderando as quedas dos spreads no Brasil. ?Se alguém me disser que não é (isso que ocorre), faço uma intervenção no banco?, desafiou em tom de brincadeira.
?Como podemos ter taxas de 35% e 36% ao ano com inflação de 3,5% a 4%??, questionou. ?Não há lucro de empresa que resista. Se ela pegar esse empréstimo, vai quebrar, não sobrevive?, afirmou.