A reforma ministerial articulada pelo presidente Michel Temer e o “enxugamento” do texto da proposta não são suficientes para garantir a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, avaliam líderes de partidos do chamado Centrão. Segundo essas lideranças, a matéria depende agora do trabalho do governo de diminuir a resistência da sociedade à matéria.
“Esqueça Previdência este ano. Não tem a menor chance de aprovar”, declarou o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), ao Broadcast Político. “A reforma ministerial não atendeu a toda a base. E outra coisa: tudo que os ministros poderiam fazer com impacto eleitoral já está sendo feito, não deve sobrar nada para o próximo ano”, acrescentou Rocha, que comanda a sexta maior bancada da Casa, com 37 deputados.
“O processo para aprovar a Previdência agora é de convencimento do governo com a sociedade”, avaliou o líder do PSD na Casa, deputado Marcos Montes (MG). Segundo ele, os parlamentares de sua bancada continuam “muito resistentes” em votar a reforma agora, pois temem desgaste político a menos de um ano para as eleições de 2018. “O pessoal quer um tempo sem votar pautas impopulares”, disse.
Reforma ministerial
Por pressão do PMDB e do Centrão, grupo do qual o PR faz parte, além de PP, PSD e PRB, Temer decidiu fazer mudanças nos ministros do PSDB, sigla que já indicou que deve desembarcar do governo. Até agora, porém, as mudanças estão restritas ao Ministério das Cidades. Temer deve empossar amanhã o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO) na pasta. A escolha tem apoio do Centrão, PMDB e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Temer, porém, ainda tenta equacionar a pressão de peemedebistas e parlamentares do Centrão para mudar a Secretaria de Governo. A pasta hoje é comandada por Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que se tornou amigo pessoal do presidente. O tucano, contudo, resiste em deixar o cargo. Segundo fontes envolvidas nas negociações da reforma ministerial, Imbassahy pediu para ficar no cargo pelo menos até dezembro.
Além da reforma ministerial, Temer também deu aval para que governistas enxugassem o texto da reforma da Previdência que será votado diretamente no plenário da Câmara. A proposta deve ficar restrita à fixação de idade mínima para aposentadoria, com uma regra de transição de 30 anos, e a unificação dos regimes de Previdência do setor público e iniciativa privada. Mudanças na aposentadoria rural, por exemplo, ficarão de fora da proposta.