Brasília – O Brasil vai precisar de investimentos de cerca de R$ 300 bilhões nos próximos dois anos para atender à demanda de mercado, caso o espetáculo do crescimento prometido pelo governo se confirme. O cálculo, feito pela Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), foi preparado com base numa lista de sete setores, considerando o quanto cada um precisa gastar para comprar equipamentos e aumentar sua produção para fazer frente a um reaquecimento da economia.
– O governo não aposta numa política industrial desde 1991. Por isso, nada foi feito de significativo para estimular as empresas desde então. Agora, como o reaquecimento da economia, vai acontecer a qualquer momento, os investimentos necessários são muito altos – disse o presidente da Abracex, Roberto Segatto.
Somente o setor de infra-estrutura, considerado prioritário pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, terá que receber pelo menos R$ 60 bilhões nos próximos dois anos. A avaliação da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) é de que as áreas de energia, saneamento, combustíveis, transportes e telecomunicações precisam de um volume ainda maior de recursos. Segundo o presidente da Abdib, José Augusto Marques, o setor necessita de investimentos de R$ 60 bilhões a cada ano pelos próximos 10 anos.
– Isso é apenas o mínimo necessário para vencer os gargalos – disse Marques.
A Abdib estima que a área de energia elétrica precisa de R$ 16,5 bilhões por ano. Já a área de saneamento necessita de recursos de R$ 4,5 bilhões, a de óleo e gás, de R$ 19,5 bilhões, a de transportes, de R$ 12 bilhões e a de telecomunicações, de R$ 7,5 bilhões. O total dos recursos seria dividido entre governo, que arcaria com 40% do volume, e setor privado, que pagaria o restante.
– A infra-estrutura é o setor básico para a retomada do desenvolvimento e sua sustentação – afirmou Segatto.
No caso do setor de produtos primários, por exemplo, a Abracex considera que será preciso gastar R$ 30 bilhões. Já para o setor de bens de capital, a Abracex prevê uma necessidade de investimentos de R$ 45 bilhões. Segundo o presidente da Abimaq, Delben Leite, o setor tem uma previsão de investimentos de R$ 4,3 bilhões para 2003, mas os resultados costumam ficar acima das expectativas do início do ano.
