Especialistas divergem sobre à tendência do Copom em elevar taxa de juros

Brasília – A informação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o colegiado pensou em realizar ?ajuste? na taxa básica de juros (Selic) gerou divergências de opinião entre especialistas.

Apesar de ter considerado a opção de aumentar os juros, conforme consta na ata da reunião do Copom divulgada nesta quinta-feira (13), prevaleceu o entendimento de que, naquele momento, ?o balanço dos riscos para a trajetória prospectiva central da inflação justificaria a manutenção da taxa básica em seu patamar atual?, de 11,25%. A reunião foi realizada nos dias 4 e 5 deste mês.

Para o economista Newton Rosa, da SulAmérica Investimentos, a ata da última reunião do Copom foi mais conservadora do que as anteriores e indica que o colegiado está na iminência de elevar a taxa básica de juros. ?A explicitação dessa intenção [de elevar a Selic na última reunião do Copom] é um sinal claro de que o Copom está na iminência de elevar os juros?, disse o economista.

Para Newton Rosa, o comitê considerou que os investimentos feitos pelos empresários não foram suficientes para atender ao crescimento da demada. Com isso, na avaliação do economista, o Copom considera que há um descompasso entre oferta e demanda.

Rosa acredita que o cenário de turbulências externas, o aumento do preço das commodities e a desvalorização do dólar ante o real são elementos que podem levar o Copom a se decidir por elevar a Selic. ?Com um quadro externo mais complicado, diminuiu a contribuição positiva do setor externo sobre a inflação?, analisou.

Para o consultor e ex-diretor do Banco Central, Emílio Garofalo, a ata apenas reflete o que o colegiado estava pensado nos dias da reunião. ?Não é um guia para as decisões futuras. Na próxima reunião, o Copom vai voltar a avaliar os dados de inflação e a economia internacional?, avaliou.

No último dia 5, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 11,25% a.a., sem viés, ou seja, sem possibilidade de ser revista antes da próxima reunião.

Para Garofalo, a decisão do Copom foi influenciada pelo cenário externo que ?estava bastante confuso? por conta da desaceleração da economia americana. Ele afirmou ainda que os últimos dados sobre inflação ?são bons?. ?Os dados não estão mostrando risco, apesar da ameaça que nos traz os preços do petróleo [em alta], o que pode levar à uma inflação mundial?, afirmou.

No mês de fevereiro, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de parâmetro para o governo, foi menor do que a registrada no mês anterior. O centro da meta do governo é fechar o ano com inflação de 4,5% no ano.

A próxima reunião do Copom será realizada nos dias 15 e 16 de abril. No último dia 5, o comitê decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 11,25% a.a., sem viés, ou seja, sem possibilidade de ser revista antes da próxima reunião.

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