Rio (AE) – Os espanhóis dominaram o leilão de linhas de transmissão de energia realizado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na Bolsa do Rio. Além da acirrada disputa pelo maior lote (949 quilômetros, dos 2,25 mil licitados), arrematado pela Elecnor, outros dois lotes de grande porte, num total de 720 quilômetros, foram levados pela Cobra Instalaciones Y Serviços.
As companhias de origem espanhola também tiveram participação bastante agressiva na concorrência em todos os lotes. Foram consideradas as principais responsáveis por fazer do leilão, feito em sistema de viva-voz, o mais disputado dentre os 12 já realizados pela Aneel desde sua fundação, no final da década de 90.
O leilão de ontem também teve recorde de deságio (58,82%) obtido em um lote de empreendimentos na região de Ribeirão Preto (SP). Foi arrematado pela espanhola Cobra em disputa direta com a colombiana Interconexión, também bastante representativa na concorrência. A colombiana acabou ficando com as obras de 172 quilômetros em Minas Gerais.
Para o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, o leilão ?teve resultados absolutamente excepcionais?. ?Esse resultado nos alegra e nos mostra que a sistemática é bem-sucedida no sentido de que o consumidor terá assegurado um menor custo de energia no futuro?, disse. Segundo Kelman, a receita total prevista entre as linhas licitadas era inicialmente de R$ 203 milhões e caiu para R$ 99 milhões.
Já a Eletrobrás, que era a grande vencedora em leilões semelhantes até dois anos atrás, teve participação pífia desta vez. A estatal participou por meio de suas subsidiárias, especialmente Furnas Centrais Elétricas, na concorrência por todos os lotes, mas suas propostas ficaram bastante distantes das primeiras colocadas.
A exceção foi uma linha de transmissão de 198 quilômetros ligando os municípios de Funil e Itapebi, na Bahia, arrematada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), com um deságio de 57,06% e proposta de receita estimada de R$ 3,75 milhões por ano, que não deu chance de disputa aos demais concorrentes.
Também arrematou dois lotes de linhas de transmissão, num total de 222 quilômetros no Espírito Santo e Paraná, a holding da Alusa, a Companhia Técnica de Engenharia Elétrica.
A principal forma de financiamento de todos os investidores será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). José Castillano, representante da espanhola Elecnor, que arrematou o lote de linhas que interliga Acre e Rondônia, disse que também procurará o BID para financiar a construção.