O primeiro-ministro da Espanha, José Luís Rodriguez Zapatero, afirmou hoje que não existe “absolutamente” qualquer chance de o país buscar um socorro da União Europeia. A declaração foi uma tentativa de acalmar os investidores e evitar que a crise de dívida soberana atinja a quarta maior economia da zona do euro (que reúne os 16 países que adotam o euro como moeda).
Em entrevista a uma emissora de rádio, Zapatero disse que a economia do país já passou pelo pior e que tanto a reestruturação do setor financeiro quanto a redução do déficit orçamentário do governo estão sendo realizadas conforme o previsto. “Nós temos um plano para cortar o déficit que está sendo rigidamente implementado”, disse Zapatero. “Aviso aos que estão apostando contra a Espanha que eles estão errados”, completou.
O pedido de calma por parte de Zapatero surge em meio a sinais de que um possível pedido de ajuda pela Espanha, que era uma possibilidade remota há alguns dias, está se tornando um risco mais urgente para as autoridades do país. Em comentários incomumente sinceros, José Luis Malo de Molina, economista-chefe do Banco da Espanha (o banco central dos EUA), alertou ontem que a dependência que o país tem de financiamento externo o torna particularmente vulnerável a uma disseminação da crise de dívida soberana.
Também ajudou a agravar as preocupações dos investidores uma reportagem de hoje do jornal alemão Financial Times Deutschland, afirmando que Portugal está sendo pressionado pela União Europeia a pedir um resgate. A informação foi negada por autoridades europeias, mas chamou atenção para a Espanha, que é vista como a próxima vítima da crise. Caso Portugal e Espanha peçam uma ajuda como a da Irlanda, os recursos da União Europeia serão reduzidos, o que poderá colocar em risco a própria zona do euro.
Na entrevista, Zapatero também descartou outro aumento no imposto sobre valor agregado do país, que foi elevado de 16% para 18% no início deste ano, e disse que um corte de 5% nos salários dos trabalhadores civis, que já foi implementado, será suficiente para manter os gastos do governo sob controle, sem a necessidade de reduzir a burocracia. O primeiro-ministro também descartou um aumento nas taxas educacionais para os estudantes, como está sendo feito no Reino Unido e na Itália. As informações são da Dow Jones.