Escândalo da propina faz Bovespa cair 5% e dólar subir

São Paulo – A possibilidade de novas revelações no escândalo do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, Waldomiro Diniz, azedou o humor do mercado financeiro ontem, causando impacto nos principais ativos brasileiros. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desabou, o C-Bond, título da dívida externa brasileira, caiu e o risco-País avançou com força. O dólar manteve tendência de alta pelo quinto dia consecutivo e fechou em alta de 0,65%, cotado a R$ 2, 96. Desde sexta-feira passada, a moeda americana já subiu 2 ,20%.

Na avaliação dos especialistas, com o feriado de carnaval, os investidores preferiram se desfazer de alguns papéis, temendo o agravamento da crise política nos próximos dias e até mesmo de uma possível saída do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu – ex-chefe e amigo de Waldomiro. “Ninguém quer ser pego de surpresa se surgirem fatos novos, especialmente se envolver José Dirceu, durante esse feriado prolongado. Essa crise política provocou muita insegurança”, argumentou o economista da MCM, Antônio Madeira. Segundo ele, foi esse ajuste de posições que derrubou o mercado. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 16,5% não surpreendeu e, portanto, não influenciou os ativos ontem, avaliam analistas.

Os títulos da dívida brasileira com maior liquidez no exterior recuaram. O C-bond caiu 0,79% para 94% do valor de face e o Br-40 (prazo de 40 anos), 1,75%, para 103,75% do valor de face. Com isso, o risco-País subiu 3,70% para 589 pontos, o maior nível desde 31 de outubro do ano passado. Isso significa que a tomada de dinheiro no exterior também tende a aumentar. O Índice da Bolsa de São Paulo (Ibovespa) despencou 4,77% e fechou em 20.950 pontos, menor pontuação desde 16 de dezembro. No ano, a bolsa paulista já perdeu 5,78%.

A tendência é que o mercado continue nervoso à espera de novidades no caso Waldomiro Diniz, envolvido em pedidos de propina a bicheiros para financiar campanhas de políticos nas eleições de 2002. Para alguns analistas, a possibilidade de CPI para investigar o fato cresceu nos últimos dias. Com isso, diz o economista-chefe da GAP Asset Management, Alexandre Maia, o risco de paralisação na agenda do governo também é grande, o que pode comprometer projetos importantes.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo