São Paulo, 10/08/2018 – O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, realizou um discurso nacionalista nesta sexta-feira, em meio às dificuldades enfrentadas pela lira e à pressão em geral sobre o setor financeiro e a economia locais. Falando em Bayburt, no nordeste turco, Erdogan pediu que a população turca troque dólares, euros e ouro que eventualmente tenham “sob seu colchão” por liras turcas, “para que possamos responder de modo apropriado como uma nação”. Além disso, descartou uma elevação de juros, que segundo ele traria apenas lucro para algumas pessoas no exterior, porém sofrimento para o país.
De acordo com o presidente, a troca de ativos por moeda local “será nossa resposta à guerra econômica” que segundo ele o país enfrenta. Em sua fala, ele ressaltou a necessidade de união diante do quadro atual. “Podemos sofrer dificuldades um dia ou outro, mas podemos superar”, argumentou. A Turquia tem sido alvo de “tramas”, entre elas o golpe de Estado de 2016, continuou: “Mas nosso país não desiste e, pelo contrário, isso fortalece a democracia.”
Erdogan disse estar confiante sobre um futuro forte para o país. “Não se deve focar só no câmbio, mas no quadro geral da economia turca”, argumentou, horas após a moeda local sofrer novas mínimas históricas em relação ao dólar. “Há lobbies para que a Turquia mexa na taxa juros, mas eles não conseguirão esmagar nosso país”, disse ainda.
Recentemente, os EUA impuseram sanções contra dois ministros turcos e advertiram sobre o risco de outras medidas, caso o governo local não liberte um pastor americano. Além disso, o quadro inflacionário é considerado grave e o banco central tem sido visto por analistas como inoperante e sujeito a pressões políticas, já que não eleva os juros para conter a tendência de alta nos preços e a fraqueza da lira.
De acordo com Erdogan, os ataques à lira “não diferem de golpes de Estado”. O presidente turco defendeu uma união nacional para que o país possa exportar mais e diminuir o desemprego. “Trabalhamos duro por medidas para proteger a economia do país”, afirmou. (Gabriel Bueno da Costa – gabriel.costa@estadao.com)