EPE vê apetite de investidores por leilão A-5 como bom indicador em meio à crise

Após anunciar para 2016 o maior leilão de energia do mundo em termos de interessados, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, afirmou que o apetite dos investidores é um bom indicador neste período de crise na economia. Para ele, o modelo do setor energético traz tranquilidade para o investidor, pois é sustentado em contratos de longo prazo e com garantias de receitas.

O leilão A-5, previsto para 2016, teve 1.055 empreendimentos cadastrados, com capacidade instalada de 47.618 megawatts (MW). Trata-se de praticamente um terço de toda a capacidade de geração existente hoje no País. Isso não quer dizer que todos os projetos serão habilitados para ir a leilão, mas a cifra foi bem recebida pela EPE.

“É sem dúvida o maior leilão do mundo em termos de interessados em participar, o que é um indicador importante num período de crise. Ter um setor que tem quase 50 mil MW de projetos inscritos, e que custa caro fazer o projeto, é um fato a ser notado. Nesse momento, tem investidor que gasta dinheiro fazendo projeto e está gastando porque ele acha que vale a pena”, afirmou Tolmasquim.

“O modelo do setor energético traz tranquilidade para o investidor, porque o vencedor tem um contrato de longo prazo que dá receita garantida. Mesmo que a economia caia mais, ele continua ganhando a receita”, destacou o presidente da EPE.

Além disso, o contrato serve como garantia para levantar recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o preço máximo estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve se ajustar às condições conjunturais (como câmbio e financiamento), o que torna o investimento ainda mais seguro, apontou Tolmasquim.

Fontes

A energia eólica é o destaque do leilão A-5, segundo os dados da EPE. Foram inscritos 864 projetos que têm essa fonte de energia, o equivalente a 81,9% do total. Em termos de capacidade instalada, são 21.232 MW (44,6% do total).

A segunda maior fonte são as termelétricas a gás natural, com 36 projetos e 18.741 MW (39,35% da capacidade instalada total). Há ainda 63 projetos para termelétricas a biomassa (3.019 MW), sete termelétricas a carvão (3.056 MW), 78 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs, com 1.019 MW), seis hidrelétricas (529 MW) e uma termelétrica a biogás (21 MW).

Mercado spot

Tolmasquim afirmou ainda que o valor da energia no mercado spot tende a cair ainda mais e pode ficar abaixo de R$ 100, situação considerada “normal”, caso haja um “bom verão” em termos de precipitações. Além disso, chuvas em novembro e dezembro podem favorecer o desligamento de mais usinas térmicas, que geram energia mais cara.

“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) já caiu, está em torno de R$ 200, e a tendência é cair mais, porque está entrando muita oferta e provavelmente a hidrologia vai se recuperar”, disse Tolmasquim, após participar do XVI Congresso Brasileiro de Energia. “Tem certa volatilidade, mas voltaremos à situação normal, abaixo de R$ 100, se houver um bom verão”, acrescentou.

As chuvas dos próximos dois meses, segundo o presidente da EPE, devem ainda abrir a possibilidade de desligamento de usinas térmicas, o que teria repercussão positiva para os consumidores diante da chance de a bandeira tarifária (hoje, vermelha, a mais cara) sofrer alteração e trazer alívio ao bolso das famílias. Até agora, cerca de 2 mil megawatts em térmicas já foram desativados.

“Se tiver novembro e dezembro com chuvas, já pode começar a pensar em desligar algumas térmicas, o que afetaria a bandeira. Tem que aguardar para ver, mas se vier início de verão chuvoso, a gente pode já pensar nisso, seria bom para o consumidor”, afirmou Tolmasquim. “Depende de como vai ser novembro e dezembro. Se forem bastante chuvosos, quem sabe pode ser estudada ainda para este ano. Não está descartada essa possibilidade”, adicionou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo