O ritmo mais fraco da atividade industrial levou a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a reduzir em 0,8% a estimativa de consumo de eletricidade na rede em 2014. A previsão para o ano foi ajustada de 482.081 GWh para 478.300 GWh, em função principalmente da redução de 2,2% nas estimativas de consumo pela classe Industrial. A EPE também revisou para baixo a projeção de consumo da classe Residencial (-0,5%), porém elevou a previsão de consumo das categorias Comercial (+1%) e Outros (+0,1%).

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A redução do consumo estimada em aproximadamente 3.800 GWh representa, de acordo com a EPE, a geração anual de uma hidrelétrica com 800 MW, o que equivale a duas vezes a usina de Três Marias, no Rio São Francisco. Ainda segundo a EPE, a revisão das projeções foi elaborada antes da divulgação dos números do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, ocorrida na manhã desta sexta-feira, 29.

“A apuração do consumo de eletricidade na rede no 1º semestre e um novo cenário para a economia do País para os últimos seis meses do ano ensejaram a revisão da previsão da demanda de energia elétrica em 2014”, justificou a EPE em material divulgado hoje.

A EPE já havia ajustado a projeção de consumo elétrico para 2014, mas inicialmente para cima. Em maio passado, a estimativa de consumo foi elevada de 481.385 GWh para 482.081 GWh, uma elevação de 0,1%. A nova revisão de hoje sinaliza, dessa forma, uma reversão na percepção mais favorável da EPE em um primeiro momento.

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Caso confirmada a projeção anunciada nesta sexta-feira, o consumo de energia elétrica crescerá 3,2% em 2014 na comparação com o ano anterior. A previsão divulgada em maio sugeria uma variação positiva de 4% em igual base comparativa.

O material divulgado pela EPE aponta que o consumo crescerá 2,7% no segundo semestre, abaixo da marca de 3,7% registrada na primeira metade do ano. Haverá desaceleração no consumo da classe Residencial, de 7,1% no primeiro semestre para 4,3% no segundo semestre; da classe Comercial, de 8,5% para 5,5%; e da categoria Outros, de 6% para 4,8%.

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No segmento industrial, por outro lado, a queda de 1,7% do primeiro semestre deve se transformar em uma retração de apenas 0,3% entre julho e dezembro. “Para a indústria, espera-se gradual recuperação da atividade, com retomada da utilização da capacidade instalada, inclusive de algumas plantas eletrointensivas”, destaca a EPE.

O consumo de energia elétrica entre os segmentos Comercial e Residencial foi impulsionado no início do ano pelas altas temperaturas verificadas no Centro-Sul do País durante o verão. No acumulado do ano, o consumo Residencial deve crescer 5,7% em relação ao ano passado. No segmento Comercial, a alta esperada é de 7%. Na categoria Outros, o consumo deve crescer 5,4%. Já na Indústria, haverá retração de 1% no acumulado anual.

A previsão da EPE é de que o consumo de energia elétrica no Brasil cresça 3,9% ao ano entre 2014 e 2018. O resultado será impulsionado principalmente pela variação estimada em 4,4% ao ano na classe Comercial e em 4,2% nas residências. A indústria deve crescer em um ritmo menos vigoroso, de 3,5% ao ano, levemente abaixo da variação estimada em 3,6% para a categoria Outros. ( – andre.magnabosco@estadao.com)

Julho

O consumo de energia elétrica cresceu 0,2% em julho, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A indústria, responsável por 38,2% do consumo de 37.794 GWh do País em julho, teve retração de 6,9%, compensando parcialmente a expansão verificada em outras classes. Os destaques positivos ficaram por conta do consumo Comercial (+5,9%) e Residencial (+5,8%). O consumo da categoria Outros cresceu 3,1% na comparação entre os meses de julho.

De acordo com a EPE, os números de consumo das classes Residencial e Comercial foram influenciados “pelo ciclo de faturamento de importantes concessionárias”, ou seja, pelo maior número de dias faturados por essas empresas. Já o consumo industrial encolheu em função da baixa atividade do setor. “O arrefecimento do consumo industrial de energia, que se concentrava nos setores eletrointensivos, se espalhou por outros segmentos”, informou a EPE.

Vale destacar que a comparação entre os meses de julho também sofre a influência da realização da Copa do Mundo no Brasil entre julho e julho deste ano. “Com relação ao consumo de energia, as informações das distribuidoras e as estatísticas agregadas sugerem que a Copa do Mundo contribuiu para moderar o crescimento”, aponta.

Na divisão regional, destaque para o menor consumo no Sudeste (-1,6%) e no Nordeste (-0,3%). Em ambos os casos, o vilão foi o consumo industrial, que encolheu 10,2% e 9,9%, respectivamente. Nas demais regiões, o consumo do Sul do País cresceu 2% na comparação com julho de 2013. O consumo no Centro-Oeste teve variação positiva de 4% e, na região Norte, de 6,7%.

“O consumo residencial na região Norte segue crescendo a taxas com dois dígitos, refletindo o processo de recuperação de perdas em importantes mercados e a forte incorporação de novos consumidores”, enfatizou a EPE. O consumo nessa categoria cresceu 16,1% em julho.

Janeiro a julho

No acumulado de janeiro a julho, o consumo elétrico nacional apresenta alta de 3,2% sobre o mesmo período do ano passado. A Indústria, com retração de 2,4%, compensa parcialmente a expansão de 8,2% na classe Comercial e de 6,9% nas residências. No grupo Outros, há expansão de 5,6%.

Por regiões, destaque para a expansão de 8,3% no Norte e de 7,2% no Sul. A região Centro-Oeste cresceu 5,9%, seguida pela alta de 1,9% no Sudeste e 0,4% no Nordeste.