Estudo divulgado nesta semana pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que traça projeções para o ano de 2050, sugere que o petróleo do tipo Brent enfrentará o chamado “ciclo de baixa” até o fim desta década. A cotação do barril poderá se aproximar de US$ 80 no período, pressionado principalmente pela maturação de projetos de Exploração e Produção (E&P) de recursos não convencionais e pelo pico de produção do shale e do tight oil norte-americano.
A análise feita pela EPE e pelo Ministério de Minas e Energia (MME) dividiu o intervalo até 2050 em três períodos. O primeiro será o chamado “ciclo de baixa de preços”, o qual coincidirá com uma redução da participação do papel do petróleo como ativo financeiro especulativo, em decorrência de “melhores expectativas com relação a outras opções financeiras”, segundo o estudo.
O segundo, entre 2020 e 2040, será determinado por uma combinação de diferentes fatores, alguns com pressão de alta na cotação internacional da commodity, outros com pressão contrária. Haverá, no período, maior elevação da eficiência energética e substituição do petróleo por outras fontes. Os investimentos em E&P, em compensação, devem diminuir em virtude da depleção dos recursos no shale e tight oil dos Estados Unidos.
Como consequência, aponta o estudo, haverá um aumento relativo da capacidade de controle da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sobre a produção mundial de petróleo, “à medida que a produção adicional dos países não-Opep é insuficiente para atender ao aumento da demanda mundial.”
Por fim, entre 2040 e 2050, a expectativa é de que haja “moderada elevação” nos preços do petróleo. “Embora permaneça a perspectiva de maior eficiência energética e de substituição por outras fontes, do lado da oferta maiores dificuldades de acesso levam a custos crescentes em E&P”, aponta o estudo divulgado hoje.
O material, que leva em consideração valores constantes de maio de 2013, sugere que o preço médio do petróleo do tipo Brent estará em US$ 97,30 por barril em 2050, abaixo, portanto, dos atuais patamares da commodity. A tendência de queda está em curso neste momento, segundo o estudo, e permanecerá assim até o final desta década. Entre 2020 e 2040 o preço médio da commodity ficará praticamente estável, entre US$ 80 e US$ 90 por barril, e retomará trajetória de alta a partir de 2040.
As projeções consideram a possibilidade de o Iraque desbancar a Rússia da vice-liderança mundial entre os exportadores de petróleo, assim como os Estados Unidos se tornarem os maiores produtores mundiais a partir de meados da década de 2020, fruto da exploração de fontes não convencionais. “Também é importante sinalizar o aumento da oferta via realização da produção de petróleo em águas profundas, contexto no qual está inserido o pré-sal brasileiro que fará o país se tornar exportador líquido”, aponta o estudo.
Ao mesmo tempo, questões como aquecimento global e a emissão de carbono podem estimular a substituição de fontes fósseis por recursos renováveis. “Também contribuem para o arrefecimento da demanda a expectativa de inserção dos veículos híbridos e elétricos na frota mundial”, destaca o material, citando também os reflexos da maior eficiência energética na diminuição do consumo do petróleo.
O estudo com foco em 2050 também traça um paralelo para o cenário de preços de gás natural no Brasil e no mundo. A grande diferença existente entre os valores no Brasil em relação à cotação nos Estados Unidos deve diminuir a partir de 2022, consequência da crescente exploração do pré-sal brasileiro e do início da oferta de gás não convencional.
Entre 2031 e 2050, a aposta da EPE e do MME é de que haverá convergência gradual de preços, fortalecida pela penetração de hidrato de metano no mercado. “Estima-se que o choque de oferta possibilitado pelo hidrato conduzirá a equidade ao fim do período entre o valor da commodity no mercado nacional e o Henry Hub”, destaca o estudo. Em 2012, ainda segundo o estudo, o preço da commodity no mercado nacional era 2,1 vezes o valor de
referência Henry Hub.