O Plano Decenal de Energia 2010-2019 prevê que o Brasil se tornará grande exportador de petróleo em 2019, com vendas de 2,2 milhões de barris por dia no mercado externo. O cenário será possível, diz a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por conta do grande crescimento da produção previsto para o período, saltando de 2,2 milhões de barris por dia em 2010 para 5,1 milhões de barris por dia em 2019. Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o dado inclui a produção da Petrobras e de empresas privadas.
No mercado de gás também haverá crescimento da oferta (que inclui produção e importações), que passará de 100 milhões de metros cúbicos por dia para 167 milhões de metros cúbicos por dia. O aumento provocará um excedente de 55 milhões de metros cúbicos por dia em 2019, caso as térmicas não operem com a capacidade total, o que não deve ocorrer, disse Tolmasquim. Ele não quis comentar, porém, se o excedente libera o Brasil de renovar o acordo de importações com a Bolívia, que vence justamente em 2019.
No mercado de combustíveis, o plano prevê aumento do superávit na produção de gasolina para 125 mil barris por dia em 2019 (em 2009, foram 30 mil barris por dia), e reversão do déficit na produção de diesel, que foi de 55 mil barris por dia em 2009. Em 2019, calcula a EPE, haverá superávit de 35 mil barris por dia, por conta da entrada em operação, durante a década, das novas refinarias da Petrobras. Em 2013, o Brasil deixará de ser importador de derivados, atingindo o pico de exportação de 480 mil barris por dia em 2016 e fechando a década com um volume de vendas de 230 mil barris por dia.
Etanol
A EPE prevê um crescimento de 36,5% na produção de etanol no País até 2019, quando o volume produzido chegará a 64 bilhões de litros. Deste total, 52,4 bilhões de litros serão consumidos no mercado automotivo interno e 9,9 bilhões, exportados. Outros 1,7 bilhão de litros serão destinados a outros usos.
O etanol vai continuar tirando mercado da gasolina, que terá queda de 20% nas vendas até 2019. O movimento será provocado pelo aumento das vendas de carros bicombustíveis, que atingirão 77,9% da frota em 2019, quando o Brasil terá 39,71 milhões de veículos – alta de quase 60% com relação ao verificado em 2009.
O crescimento do consumo de etanol e da geração de energia hidrelétrica previsto no Plano Decenal de Energia 2010-2019 vão permitir ao Brasil manter a relação entre energias renováveis e não renováveis em sua matriz energética, hoje com 48% de renováveis. Segundo Tolmasquim, a manutenção do nível atual já é uma boa notícia, diante da dificuldade para ampliar a participação de renováveis. Segundo ele, na média mundial, as fontes renováveis participam com 14% da matriz energética.