EPE alerta para risco da adoção de bandeiras tarifárias

A adoção do sistema de bandeiras tarifárias, modelo que prevê a aplicação de um custo adicional a ser pago pelos consumidores em períodos de custos mais altos de geração de energia, pode provocar um descasamento entre a variação de receita e despesa das diferentes distribuidoras com atuação no Brasil. A ressalva veio do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

“Se a bandeira tarifária vier a ser adotada, ela dá uma receita para a distribuidora. Quando a térmica é acionada, a luz fica vermelha e o valor (pago) aumenta”, destaca o executivo. “Mas quanto será arrecadado por cada um pode não ser proporcional à despesa. Por isso, (a situação) precisa ser sanada para uma distribuidora não arrecadar a mais, e a outra a menos”, completou.

A proposta da bandeira tarifária sugere acréscimo na tarifa quando as condições de geração de energia não estiverem favoráveis. Nesse cenário, o acionamento das térmicas eleva as despesas das distribuidoras, em função dos custos mais elevados com a operação das térmicas. A receita das distribuidoras nesse mesmo cenário, porém, não acompanha a tendência no modelo atual, dado que o reajuste tarifário ocorre somente uma vez por ano.

O descasamento cronológico entre o aumento da despesa e da receita contribuiu para o problema de fluxo de caixa enfrentado pelas distribuidoras neste ano. A situação, agravada pela exposição involuntária dessas companhias, obrigou o governo federal a costurar um socorro bancário de R$ 17,8 bilhões às distribuidoras, em dois empréstimos formalizados em abril passado e neste mês.

“Não sei se a (bandeira tarifária) resolve 100%, mas mitiga bem o problema. A questão do empréstimo não é uma solução estrutural. Não é possível emprestar recursos o tempo todo. A questão estrutural é algo como a bandeira tarifária”, disse Tolmasquim.

A bandeira tarifária deveria entrar em vigor no início deste ano, mas a adoção do modelo foi postergada para o começo de 2015. Agora, a proposta está em análise pública e pode ser efetivamente implementada ou não, conforme avancem as discussões encabeçadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo