O preço do leite longa vida, que já aumentou, em Curitiba, 14,65% de fevereiro para março, deve continuar em trajetória de alta pelo menos até agosto. A taxa foi medida pela empresa de pesquisas GfK, que divulgou ontem os dados.

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Já a tendência foi apontada pela Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). O período de entressafra e um aumento na demanda internacional estão entre as causas da alta.

O aumento no preço do leite, em Curitiba, é maior que as médias da região Sul do País (10,77%) e que a nacional (10,51%). No Interior do Estado, o índice é menor (9,66%), mas também significativo.

O último Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o leite pasteurizado continuou aumentando em abril: a taxa ficou em 13,09%, entre os dias 16 de março e 13 de abril, na comparação com os preços vigentes de 11 de fevereiro a 15 de março.

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Os valores de referência projetados pelo Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite) do Paraná também apontam para novos aumentos.

Em março, o preço para o leite padrão ficou em R$ 0,6473. Para abril, o Conselho prevê um aumento de 5,72%, para R$ 0,6843. No caso do leite pasteurizado, os preços projetados passaram de R$ 1,2069 em março, para R$ 1,2905 em abril (6,93% de aumento).

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Causas

A Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) afirma que o aumento se deve a uma recuperação de preços após um período de queda. Mas a assessora da Comissão Técnica de Leite da Faep, Maria Silvia Digiovani, explica que, depois do susto da crise, o consumo do produto voltou a aumentar tanto externa como internamente, e a procura ficou maior que a demanda. “As indústrias no Paraná estão disputando leite e a produção não está aumentando, devido à entressafra”, completa.

De acordo com Digiovani, os aumentos deste ano têm motivos diferentes dos que aconteceram na mesma época, no ano passado. Na ocasião, o clima exerceu forte influência no preço: na região Sul, a seca reduziu as pastagens e obrigou produtores a alimentarem os animais com ração. No segundo semestre, os preços caíram por influência das indústrias, que começaram a importar o produto, mesmo com a produção nacional sendo suficiente para atender à demanda.

Feijão

A pesquisa da GfK também identificou um aumento de 7,57% nos preços do feijão, no período pesquisado. Para a empresa, a mudança nos hábitos alimentares dos brasileiros pode ter influenciado a alta. Se, em 2006, o produto compunha as refeições de 71,9% da população adulta, hoje o percentual caiu para 65,8%.

Para a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) do Paraná, o cenário para os negócios envolvendo o produto é favorável. Em março, a saca do feijão preto foi vendida pelos produtores, em média, a R$ 65,23.

Ontem, a cotação estava em R$ 79,85. No caso do feijão carioca, o mercado está ainda melhor. Depois de aumentar 37% no ano e fechar em R$ 74,63 em março, a saca já valia, ontem, R$ 109,60 no Estado.