Em meio ao período de manifestações e greves de metalúrgicos por reajustes salariais acima da inflação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez hoje (18) uma reclamação pública a respeito do seu salário no ministério. Ele aproveitou a homenagem que recebeu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), um dos sindicatos mais fortes do País – e também berço político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, para reivindicar uma remuneração compatível com a que ganhava quando foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre novembro de 2004 e março de 2006.
“No meu tempo de BNDES, eu só tinha R$ 52 bilhões para administrar. Agora, o BNDES tem R$ 160 bilhões para gastar”, disse ele. “E eu ganhava um salário quatro vezes maior que o de ministro e mais 3 PLRs (Participações nos Lucros e Resultados) por ano”, comparou Mantega, sob risos e aplausos dos metalúrgicos. O ministro afirmou que gostaria de estar no BNDES para gerir o orçamento que é hoje bem maior do que o de sua época. “O presidente Lula me chamou para o ministério para trabalhar mais e não ganhar nem hora extra”, brincou.
Por outras duas vezes, Mantega arrancou aplausos dos metalúrgicos do ABC. Durante o seu discurso, o ministro comemorou o recorde de vendas de veículos neste ano. Ele ressaltou o esforço do governo, em meio à crise financeira internacional, com o benefício de redução do IPI para carros, para evitar a queda da produção e das vendas de veículos e preservar o emprego dos trabalhadores. Mais tarde, ao falar sobre as descobertas de petróleo na camada do pré-sal, Mantega afirmou que o petróleo “tem de ser nosso”. “Tem de ser da Petrobras. As multinacionais vão achar ruim”, opinou.
Mantega esteve no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em evento de entrega do Prêmio João Ferrador de Promoção da Cidadania. Ele deixou o evento sem falar com a imprensa.