Brasília – A União Européia aumentou desde esta segunda-feira de 15% para 75% a taxação sobre os cortes de peito de frango salgados exportados pelo Brasil. O aumento da tarifa decorreu de uma mudança na classificação do produto, conforme o seu teor de sal. Para o governo brasileiro esta foi mais uma manobra para brecar as exportações nacionais do produto. Na tentativa de reverter a medida, o Itamaraty já encaminhou um pedido de consultas ao Comitê de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC). O diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas Exportadoras de Frango (ABEF), Cláudio Martins, disse que a medida terá impacto maior sobre as exportações brasileiras a serem embarcadas a partir de 2003. Segundo ele, os embarques deste ano já foram praticamente encerrados, porque muitos importadores, sabendo do aumento da taxação, anteciparam seus pedidos para garantir seus estoques. A União Européia tem até o dia 18 de novembro para responder se aceita ou não o pedido de consultas feito pelo Brasil. O diretor da ABEF observou que a medida é tão arbitrária que nem todos os países europeus concordam com ela. “Somente a França e a Itália estavam dispostas a elevar a taxa de importação. A Alemanha é contra, e o Reino Unido ainda não se manifestou”, afirmou. Segundo ele, a restrição às importações brasileiras de frango é um “tiro no pé” dos próprios europeus. “Os estoques irão acabar, e os preços irão subir, porque a Europa não tem condições de atender a demanda do seu mercado interno”, salientou. Na próxima semana, o Ministério da Agricultura enviará uma missão técnica à Holanda e à Alemanha para conhecer a tecnologia usada pelos laboratórios da União Européia (UE) para detectar a presença de nitrofurano nas carnes de frango. O nitrofurano é um antibiótico proibido no Brasil desde maio e que, apesar disso, vem sendo encontrado pelas autoridades sanitárias européias em frango exportado por empresas brasileiras. De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos de Oliveira, a visita faz parte do esforço que o Brasil fará para uniformizar a metodologia de testes com a UE, visando reduzir as barreiras que vêm sendo impostas às vendas externas do produto brasileiro. Além de enviar os técnicos, o Ministério da Agricultura, segundo ele, está adquirindo mais um equipamento para complementar os já existentes nos laboratórios oficiais do Brasil. A nova aquisição vai permitir a realização dos testes por meio de um espectômetro de massa, para detectar o nitrofurano, semelhante ao usado pela UE em seus laboratórios. A visita e a aquisição do equipamento foram decididas depois que o secretário esteve em Bruxelas (Bélgica), na semana passada, e não obteve êxito na tentativa de reverter a decisão da UE de analisar 100% das importações brasileiras de frango e não mais somente 3% dos carregamentos, como vinha fazendo até o dia 12 deste mês.
Entra em vigor barreira da UE ao frango brasileiro
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