Entidades agrícolas do Rio Grande do Sul começaram a levantar as perdas provocadas pelas fortes chuvas de domingo e segunda-feira no Estado. Além de possíveis prejuízos à safra de verão, cujo plantio está praticamente concluído, a infraestrutura de escoamento da produção já começa a preocupar alguns municípios, onde pontes foram destruídas pelas águas.
Na Depressão Central do Estado, uma das áreas mais afetadas, a maior parte da produção de fumo escapou das chuvas, pois a colheita já tinha superado 85% da área plantada, calculou o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Weber. Mesmo assim, o alagamento de depósitos de fumo levou a entidade a enviar um pedido às indústrias de fumo para apressar a compra do produto, para evitar excesso de umidade e deterioração das folhas.
Além disso, solicitou que o fumo fosse comprado sem classificação, em negociação direta com o produtor. O preço do fumo é definido com base em uma tabela que considera a variedade e a classificação atribuída a ele. A estimativa inicial era colher 735 mil toneladas de fumo na safra 2009/10 no sul do País, mas o clima certamente irá gerar quebras, previu Weber. Antes das chuvas desta semana, o mês de novembro foi de forte precipitação no Rio Grande do Sul, por causa do fenômeno El Niño.
Os pequenos produtores relatam danos à produção de grãos e hortaliças, criação de animais, casas, galpões e equipamentos agrícolas. Além disso, houve prejuízos à infraestrutura de estradas e pontes que servem ao escoamento da safra, lembrou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Elton Weber. A entidade irá reunir na sexta-feira a Comissão de Política Agrícola para elaborar uma pauta de reivindicações. Na próxima semana, o objetivo é levar os pedidos aos governos federal e estadual.
Embora seja produzido com irrigação, o arroz gaúcho voltou a sofrer com o alagamento provocado pelas chuvas desta semana. O presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, explicou que o grão precisa de água a partir de 15 dias após emergir, mas uma lâmina d’água de cinco centímetros é suficiente. Entre 30 e 35 mil hectares de arroz ficaram submersos pelas chuvas. As plantas podem se recuperar, mas seu potencial produtivo fica prejudicado. Em novembro, as chuvas já tinham atrasado o plantio da safra.
O presidente do Irga fez um levantamento das ocorrências mais relevantes de El Niño desde 1955. Neste período, 14 episódios foram mais fortes. Neles, a produtividade média estadual de arroz caiu entre 10% e 13% em comparação ao obtido no ano anterior e posterior ao El Niño. O Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz e espera colher 7,3 milhões de toneladas das 12 milhões de toneladas que serão produzidas no País na safra 2009/10.