Enfim a auto-suficiência em petróleo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de inaugurar a produção de petróleo da plataforma P-50 na Bacia de Campos, no Norte do Estado do Rio de Janeiro. Repetindo um ato do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1952, Lula molhou as mãos no óleo e imprimiu as marcas em um macacão de funcionário da Petrobras.

Maior unidade de produção em operação no país, a P-50 adicionará 180 mil barris diários à produção nacional (o barril é a unidade de medida de petróleo líquido, igual a 159,2 litros). Somente essa unidade, instalada no campo de Albacora Leste, responderá por 11% de toda a produção nacional, que passará a cerca de 1,92 milhões de barris por dia.

A Petrobras foi criada em outubro de 1953, por meio da Lei 2004, sancionada por Getúlio Vargas, depois de anos de movimento nacionalista, que resultaram na campanha O petróleo é nosso.

No momento, o presidente Lula assiste, na sala de controle da plataforma P-50, a um vídeo institucional da Petrobras. Depois, seguirá para o Rio de Janeiro, onde participará de cerimônia pela conquista da auto-suficiência na produção de petróleo no Brasil.

Brasil tem reserva garantida para os próximos dez anos

Rio (ABr) – Segundo a Petrobras, a auto-suficiência em petróleo, anunciada ontem, está garantida pelos próximos dez anos graças às reservas descobertas e comprovadas. Existem hoje mais de 13 bilhões de barris de petróleo e gás natural em reservas.
Para garantir a sustentabilidade na produção, atendendo ao mercado de derivados, ampliando a oferta de petróleo e, ainda por cima de gás natural, energia térmica e de fontes alternativas, a empresa prevê em seu plano de negócios US$ 56,4 bilhões, cerca de R$ 110 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos. Deste total, US$ 49,3 bilhões serão aplicados no País, dos quais US$ 32 bilhões na área de exploração e produção de petróleo e gás.

?Esse nível de investimentos proporcionará a abertura de cerca de 419 mil empregos totais até 2010, sendo 160 mil diretos, na execução dos projetos através de empresas contratadas?, informou a Petrobras por meio de sua assessoria de imprensa.
Para a empresa, a manutenção da auto-suficiência, para um horizonte mais longo, pode também ser vislumbrada diante da performance histórica da companhia na atividade de exploração e produção. ?Performance esta que vem, a cada ano, realizando novas descobertas para repor o volume produzido e aumentar as reservas?, explicou a assessoria.

Nesse contexto, a empresa conta com imensas áreas de blocos exploratórios de petróleo e gás, arrematados nas sete Rodadas de Licitações de Áreas realizadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a partir da flexibilização do monopólio do petróleo em 1997.

Para explorar estas áreas, a empresa conta com a participação de seu centro de pesquisas, o Cenpes. Foi graças à tecnologia desenvolvida pelos técnicos da instituição que a Petrobras conseguiu prospectar petróleo em águas profundas. Hoje, explorando petróleo a cerca de 2,7 mil metros de lâmina d?água (distância entre a superfície e o fundo do mar), a empresa já vislumbra a possibilidade de explorar petróleo em profundidades abaixo dos 3 mil metros.

Uma vitória da estratégia política

Rio (ABr) – O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, considera a auto-suficiência na produção de petróleo a vitória de uma estratégia de política nacional bem-sucedida. É também, um feito da Petrobras obtido, sobretudo, a partir da utilização de uma tecnologia de ponta que a levou à liderança mundial na exploração de petróleo offshore (no mar) e que já lhe rendeu inúmeros prêmios e recordes.

?Apenas pela força do mercado não chegaríamos aonde estamos hoje. Nesse sentido, eu acho que o petróleo é o símbolo da vitória daqueles que tinham uma visão de país e que agora está sendo concretizada. Ela é a combinação bem-sucedida de três fatores: a existência dos recursos naturais, no caso o petróleo; a competência tecnológica demonstrada pelo País; e a existência de uma empresa nacional capaz de desenvolvê-la?, defendeu.

Na opinião de Tolmasquim, que dirige a empresa responsável pela pesquisa e pelo planejamento energético do País, mais do que a auto-suficiência na produção de um bem escasso, ao superar em volume extraído o volume de óleo consumido nacionalmente, a Petrobras, diferentemente de países como, por exemplo, os do Oriente Médio, demonstra como se obter matéria-prima utilizando tecnologia de ponta.

?Em 1973, por ocasião do primeiro choque do petróleo, o Brasil era altamente dependente do petróleo externo, que impactava enormemente na sua balança comercial – na medida em que o país importava grande parte do petróleo que consumia criando, até mesmo, uma vulnerabilidade grande para a sua soberania. Foi esta constatação que levou a Petrobras a desenvolver um programa de exploração em águas profundas e que hoje está levando o país à auto-suficiência?, disse.

Maurício Tolmasquim diz que não teme a flexibilização do monopólio do petróleo. Para ele, a Petrobras deu uma lição em todos os que temiam a abertura, ao manter o seu papel de liderança na atividade no País e capitalizar parcerias com multinacionais que acabaram por trazer mais investimento para a exploração e produção de petróleo nas bacias sedimentares do Brasil.

?Com a flexibilização a Petrobras quebrou o mito de que o País, e a própria empresa, viriam a perder terreno com a quebra do monopólio. Ela acabou dando uma lição para todos os que temiam a abertura ao expandir e criar parcerias isto está trazendo não só capital externo como também novos conhecimentos adquiridos juntos às empresas a ela associadas?, enfatizou.

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