Energia pressiona alta do custo de vida em julho

O custo de vida para o morador na cidade de São Paulo subiu 0,49% em julho, o que representou uma aceleração de 0,44 ponto porcentual sobre a taxa de 0,05% apurada no mês anterior pelo Índice do Custo de Vida (ICV) do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado hoje. O destaque foi o aumento de 9,80% da tarifa de energia elétrica. Por conta do reajuste na conta de luz, o grupo de preços relacionados à habitação, que em junho havia fechado em alta de 0,19%, registrou no mês passado um aumento de 1,62%. Ao considerar só a eletricidade, a contribuição foi de 0,29 ponto porcentual no cálculo da inflação de julho.

Dentro do grupo Habitação, outro subgrupo que mostrou elevação de taxa de variação foi o da conservação do domicilio (1,51%), pressionado pelo aumento da mão de obra da construção civil (2,93%). Material de construção ficou praticamente estável (0,03%).

Outro grupo que também contribuiu para a elevação do ICV em julho na capital paulista foi o de Transporte, que saiu de uma deflação de 0,64% em junho para uma alta de 0,51% em julho. A explicação é a subida do preço do litro do álcool combustível em 4,26%, depois de ter caído 6,31% em junho. “Portanto, não foi devido a grandes altas em seus preços, mas sim consequência da interrupção de seu comportamento declinante”, ponderaram os técnicos do Dieese.

No caso da Alimentação, segundo maior grupo do índice, a média de reajuste dos preços desacelerou de 0,55% em junho para 0,42% em julho. Dois subgrupos responderam por essa desaceleração: produtos in natura e semielaborados, cuja taxa passou de 0,38% para 0,11% e alimentação fora do domicilio (de 0,83% em junho para 0,57% em julho). A desaceleração do grupo Alimentação só não foi maior porque a indústria da alimentação apresentou aceleração da variação de 0,60% em junho para 0,70% em julho.

De acordo com o levantamento do Dieese para o ICV do mês passado, dois grupos fecharam com queda na média de seus preços. O Vestuário fechou em baixa de 0,75% ante uma alta de 0,10% em junho e o de Equipamentos Domésticos ficou negativo em 0,59% depois de ter subido 0,42% em junho.

Custo maior para menor renda

O ICV de julho pesou mais para as famílias mais pobres, aquelas com renda média mensal de R$ 377,49. Para este grupo, o ICV subiu 0,74% no mês passado. Para famílias com o perfil de renda intermediária, de R$ 934,17 por mês, a inflação foi de 0,54% e para os mais ricos, com renda média de R$ 2.792,90, a pesquisa de preços apurou um ICV de 0,39%. Segundo o Dieese, “os níveis de rendimento referem-se aos valores definidos para junho de 1996, quando da implantação da atual ponderação do ICV.”

A inflação maior para os mais pobres se justifica pelo aumento da conta de luz, que pesa mais no orçamento do que no dos mais ricos, e pelo reajustes nos preços dos alimentos industrializados. De acordo com o Dieese, as alterações nos preços tiveram impactos decrescentes para as famílias na medida que aumenta o nível de renda.