A pronta resposta da Copel à solicitação feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para que a Usina de Araucária fosse colocada em condições de operar em regime de emergência está evitando sérios problemas ao atendimento do mercado consumidor do sul do País. ?Além dos baixos níveis de armazenamento nos principais reservatórios da região sul, a necessidade de receber enormes quantidades de energia elétrica gerada no sudeste é fator de vulnerabilidade, como demonstrou o vendaval de sexta-feira passada, que desligou três das cinco linhas que transportam a energia produzida em Itaipu?, disse o presidente da Copel, Rubens Ghilardi.
O diretor de geração e de transmissão de energia da Copel, Raul Munhoz Neto, explicou que, por causa da estiagem, o sul vinha recebendo das regiões sudeste e centro-oeste cerca de 5,5 mil megawatts médios ou dois terços de sua necessidade. Logo depois do vendaval que desligou três linhas do sistema de Itaipu (duas na tensão de 750 mil volts e uma em 600 mil), a capacidade de transferência de energia para o sul ficou limitada a 1,5 mil megawatts médios. Para cobrir essa diferença, além de determinar o aumento de geração nas hidrelétricas do sul, o ONS reforçou a solicitação à Copel de operar emergencialmente a Usina Termelétrica de Araucária e contribuir para a redução do déficit.
?Ainda que com notável esforço a empresa Furnas, que opera o sistema de transmissão de Itaipu, tenha conseguido recuperar já na segunda-feira uma das linhas de 750 mil volts avariada, dois problemas operacionais persistiram?, disse Raul Munhoz. ?A transferência de energia para a região sul continuou limitada a 5 mil megawatts médios e, no horário de ponta, era o sudeste que precisava de complementação, já que boa parte da sua demanda por potência era coberta pelas linhas que só na noite de terça-feira puderam ser reativadas.?
Razões
Segundo o presidente da Copel, é muito importante o sistema interligado poder contar com a energia que a Usina de Araucária está produzindo durante os testes. ?Acima de tudo, isso vem atestar a qualidade da manutenção que foi feita pela Copel nas instalações e equipamentos da usina durante os quase quatro anos que ela permaneceu inativa.?
Gerando energia em regime de testes desde a metade de agosto, a usina, que utiliza gás natural como combustível, está produzindo eletricidade para o sistema elétrico nacional apesar das anormalidades técnicas, operacionais e de segurança identificadas pela Copel e que deverão ser reparadas oportunamente. ?Os riscos decorrentes desses problemas estão sendo assumidos e administrados pelos agentes envolvidos?, informou o presidente da Copel, Rubens Ghilardi.
?O fabricante das turbinas assegura e monitora o seu funcionamento com o gás que está sendo recebido, o que permite manter desativada a unidade processadora do combustível, que apresenta sérios vazamentos?. Quanto ao problema de intolerância das máquinas às variações de freqüência nos níveis admitidos pelo sistema elétrico interligado, o presidente da Copel destacou que o ONS garantirá o funcionamento da termelétrica adotando procedimentos operacionais que vão minimizar o risco desse desajuste acontecer.
Fase final
A termelétrica de Araucária tem potência instalada de 484 megawatts e encontra-se em fase final de testes e de recomissionamento para atender a um pedido feito pelo ONS, organismo que coordena a operação do sistema elétrico interligado brasileiro. No final de junho, o ONS solicitou à Copel rapidez nas providências necessárias para que a Usina de Araucária pudesse funcionar em caráter de emergência e ajudar a atender a demanda, minimizando os riscos decorrentes da estiagem que desde dezembro de 2005 reduziu significativamente as vazões dos principais rios do sul do País.
Os ensaios em Araucária incluem períodos de geração a plena potência e a adição dessa energia suficiente ao atendimento do consumo de quase toda a cidade de Curitiba ao sistema elétrico interligado. ?A energia gerada durante a fase de testes está ajudando a preservar os reduzidos estoques de água nas hidrelétricas?, informou Raul Munhoz Neto, diretor de geração e de transmissão de energia da Copel. ?E com a perda momentânea das linhas do sistema de transmissão de Itaipu, a contribuição de Araucária passou a ser fundamental?.
Argentina limita consumo de energia para a indústria
Buenos Aires (AE) – O governo argentino fixou um limite para o consumo elétrico da indústria a partir de 1.º de novembro. A prioridade para acessar a energia disponível no sistema será dos lares e pequenos comércios. O governo determinou que as empresas que tenham um consumo superior ao de 2005 terão que garantir suas próprias fontes de geração. Embora o governo não admita oficialmente a crise energética no país, os empresários afirmam que a própria medida é um reconhecimento implícito do problema.
A medida foi publicada no Boletim Oficial, uma espécie de diário oficial, e provocou polêmica entre os empresários que terão que encontrar por conta própria a energia de que necessitam para aumentar sua produção. Além disso, terão que pagar mais caro pela energia que vão consumir.
O consumo de energia elétrica registrou um aumento de 7,7% em agosto, comparando com o de igual mês de 2005, constituindo-se na maior elevação de 2006 em relação ao ano passado. As fábricas de cimento, papel, minérios, alimentos e siderúrgicas são responsáveis por 36% do consumo nacional de energia e também pelo aumento da demanda.
Na União Industrial Argentina (UIA), uma fonte expressou com muita preocupação a situação atual no país. ?Não temos nenhuma indústria, nesse momento, que não esteja aumentando seu consumo de energia elétrica. Todas precisam de mais energia para continuar crescendo, mas o problema maior é que não temos onde procurar novos contratos de fornecimento de energia?, desabafou a fonte. O empresário disse que dezembro e janeiro próximos serão ?bastante complicados?, porque a demanda chegará ao seu teto devido às altas temperaturas da época.
De acordo com a norma oficial, a partir do dia 1.º de novembro, o ?destino prioritário? da energia disponível no mercado serão as residências e os pequenos comércios. Em segundo lugar será o fornecimento de energia para os consumidores de até 300 kw conectados à transmissoras que não tenham contratos. As indústrias, denominadas de grandes usuários, terão acesso à energia que utilizaram no ano passado.
Para obter energia acima desse volume, as indústrias terão que gerar sua própria energia. Esse é um dos objetivos da medida: aumentar a disponibilidade de geração mediante a conexão ao sistema de máquinas existentes e fechamento de ciclos combinados que aumentem a produção de usinas.
