A queda dos preços de energia elétrica, e em menor medida, das passagens aéreas, continuou sustentando a deflação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na terceira quadrissemana de março, informou nesta terça-feira a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O item energia elétrica ampliou o recuo de 11,81% para 12,33% da segunda para a terceira leitura do mês, sendo fundamental para que o grupo Habitação também acelerasse a deflação, de -1,11% para -1,20%. “Mas este foi o fundo do poço, daqui em diante vai reduzir a queda”, disse o coordenador do IPC, Rafael Costa Lima, sobre a trajetória daquele item, em entrevista nesta manhã para comentar o IPC de -0,18%. Conforme os cálculos do coordenador, se energia elétrica tivesse tido variação nula na terceira apuração, o IPC teria sido de 0,32%.
Contudo, outros preços dentro de Habitação estão em elevação, como Serviços Domésticos (2,94%) e Condomínio (1,25%), num perfil parecido com o que foi registrado na segunda quadrissemana. “Este grupo não teve muita mudança ante a leitura anterior”, disse Costa Lima. Para o encerramento de março, a Fipe acredita em deflação de 1,03% para Habitação.
Mais adiante, contudo, essa tendência deve mudar, uma vez que a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) definiu um reajuste, ainda provisório, de 2,3509% para as tarifas da Sabesp. O novo valor entrará em vigor a partir de 22 de abril.
Passagens aéreas
Outro destaque do IPC foi a ampliação da queda dos preços das passagens aéreas de -8,80% para -11,44%, levando Despesas Pessoais a também acelerar o recuo, de -0,53% para -0,73%. O item passagens aéreas favoreceu ainda a baixa de 5,68% para Viagem (Excursão). “Nesse caso, há espaço para cair mais, pois no ano passagens aéreas têm alta acumulada de mais de 15%”, disse. Dada essa percepção, Costa Lima reviu para baixo sua expectativa para o grupo Despesas Pessoais no fechamento de março, de -0,74% para -0,93%. Energia elétrica, passagem área e Viagem (Excursão) ocuparam, nesta ordem, as três primeiras posições no ranking de quedas que mais contribuíram para o IPC na terceira quadrissemana de março.
Nos demais grupos, Saúde desacelerou a alta de 0,47% para 0,40%, mas em breve deve inverter a direção, dado que o governo autorizou reajuste de preços de medicamentos a partir de 30 de março. A formação dos preços acompanhará a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período de março de 2011 até fevereiro de 2012.