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São Paulo (AE) – A indústria brasileira de máquinas e equipamentos estava ansiosa com a perspectiva de novos projetos a partir do megaleilão de energia existente, realizado terça-feira. Mas os baixos preços ofertados arrefeceram as perspectivas de um setor que desde 2002 sofre a ausência de encomendas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

De acordo com o vice-presidente da câmara setorial de projetos e equipamentos pesados da Abimaq, João Afonso Pereira da Silva, o mercado de equipamentos para geração de energia no Brasil caiu 86% desde 2002, o que tem levado as empresas a aumentar sensivelmente suas exportações para poder manter suas operações no País. O executivo ressalta, no entanto, que, com a desvalorização do dólar, as empresas estão perdendo competitividade no mercado internacional. "Nossos custos aumentaram em pelo menos 15% nos últimos meses, o que inviabiliza garantir um orçamento realizado há mais de seis meses, por exemplo", explica.

O executivo ressalta que o resultado do leilão mostra que não há perspectivas de mudança desse cenário no curto prazo. "Sabemos que o Brasil precisa investir, porque se continuar crescendo como está vai precisar de mais energia lá na frente. Mas existe o risco de que haja um gap entre a oferta e demanda", afirma.

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Apesar do consenso de que os baixos preços ofertados no megaleilão colocam em risco investimentos no País, a Abimaq lembra que os novos níveis refletirão em uma melhora na situação das geradoras estatais. Silva explica que a visão da entidade leva em conta um cenário onde as estatais vendiam energia ao preço de R$ 18 o megawatt/hora. "Se olharmos por esse lado, elas tiveram um aumento de mais de 50% na remuneração", destaca.

Silva admitiu, no entanto, que a queda de preços registrada no megaleilão foi uma surpresa, já que o mercado falava em um nível de R$ 60 o megawatt/hora. O executivo ressalta, no entanto, que o resultado do certame não coloca em risco o novo modelo energético. "Mas estou certo que gerou um desconforto", afirmou.

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