Os ministros de comércio das maiores economias se reuniram em Nova Délhi nesta quinta-feira para negociações que o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, disse que podem lançar as bases para um esforço final para alcançar um acordo global de livre comércio no próximo ano. “Os ministros da OMC terão a oportunidade de traçar como eles pretendem trazer a Rodada Doha para uma conclusão em 2010”, disse Lamy aos repórteres. “O encontro pode ser o real início do estágio final da rodada”, acrescentou.

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Os dois dias de negociações informais de nível ministerial também são vistos como uma preparação para progressos adicionais do encontro dos líderes do G-20 – que reúne as maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento – em Pittsburgh (EUA), nos dias 24 e 25 de setembro. “Estamos no estágio final das negociações de Doha”, declarou o ministro de Comércio da Austrália, Simon Crean, às vésperas do encontro que reúne os principais players da OMC.

As diferenças da Índia com os EUA sobre a proteção aos agricultores pobres contribuiu para o colapso das negociações da Rodada Doha em julho de 2008, que tem como objetivo tirar milhões da pobreza e impulsionar a economia global. Agora, a Índia tomou a iniciativa de “reenergizar” as negociações emperradas e aproveitar a oportunidade para mudar sua reputação de “sabotador” da rodada.

As principais nações industrializadas e cinco economias emergentes, incluindo a China e a Índia, concordaram em julho em concluir um acordo até o final de 2010. O ministro de Comércio da Índia, Anand Sharma, considerado pelos observadores como mais conciliador do que seu antecessor Kamal Nath, diz que Nova Délhi está entusiasmada por uma conclusão bem-sucedida das negociações da Rodada Doha, lançada em 2001. Contudo, como seu antecessor, Sharma também insiste que Nova Délhi quer “assegurar que distorções históricas serão corrigidas” para melhorar a vida dos pobres.

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Os agricultores e grupos de esquerda dizem que vão realizar um protesto no encontro, que vai focar formas de fechar as lacunas sobre a liberalização do comércio de bens agrícolas e manufaturados. Doha “demanda tanto de nós, enquanto não dá nada em troca”, disse Yudhvir Singh, porta-voz do Comitê de Movimentos de Agricultores da Índia, representando 13 Estados.

Entretanto, autoridades indianas têm minimizado as chances que qualquer ruptura, dizendo que as negociações vão focar sobre a elaboração de um plano para os negociações alcançarem um acordo. “Isto não vai ser um fórum de negociações”, disse o secretário de Comércio da Índia, Rahul Khullar, antes do início das negociações. “Isto será sobre o processo de negociação: como faremos um acordo.”

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Para que um acordo final seja alcançado, todos os 153 membros da OMC devem concordar com um pacto que vai radicalmente reduzir os subsídios dados aos agricultores da América do Norte e Europa ao mesmo tempo que reduz outras barreiras comerciais.

O impasse entre os principais blocos comerciais frustrou repetidas tentativas para se alcançar um acordo, mas com a mudança nos governos da Índia e dos EUA, existe uma renovada esperança de sucesso. As informações são da Dow Jones.