Depois de 17 dias parados, os cerca de 3,6 mil funcionários da montadora Volkswagen-Audi decidiram, ontem, em assembleia em porta de fábrica, em São José dos Pinhais, aceitar a última proposta oferecida da empresa e encerrar a greve.
Pelo acordo, um dos melhores do ano no setor, os trabalhadores vão receber um aumento de 8,3%, R$ 2,8 mil de abono e adicional noturno de 25%. Também foi fechado um aumento no número de graus na tabela salarial, porém com diminuição nos salários iniciais. Durante a greve, aproximadamente 14 mil veículos deixaram de ser produzidos.
O acordo surgiu quando a questão estava para ser julgada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), onde várias reuniões foram realizadas durante a semana passada, sem consenso entre empregados e patrões. A reunião que determinou o fim da greve começou na quarta-feira e terminou apenas ontem. A assembleia com os metalúrgicos foi realizada logo em seguida.
O reajuste de 8,3% – idêntico ao fechado nas fábricas da General Motors no estado de São Paulo – corresponde à compensação da perda da inflação, de 4,4%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses, mais 3,7% de aumento real.
O abono de R$ 2,8 mil será pago em duas parcelas, sendo a primeira, de R$ 2 mil em outubro, e a segunda, de R$ 800 em novembro. Já o adicional noturno passará de 20% para 25% a partir de fevereiro do ano que vem. Ficou acertado, ainda, que haverá desconto dos dias parados, que será gradativo a partir de outubro.
Em relação à tabela salarial, que os funcionários queriam que fosse equiparada à aplicada na planta da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), ficou acertado que os graus os chamados “steps” passarão de cinco para oito.
Assim, as avaliações de desempenho e os consequentes aumentos salariais poderão ser mais frequentes. Para compensar o aumento, o acordo prevê um novo “step” inicial, no qual o salário é mais baixo que o do anterior primeiro grau.
Última
A paralisação dos funcionários da Volks-Audi foi a primeira a começar durante as negociações salariais deste ano, entre metalúrgicos e as três principais montadoras de Curitiba e região metropolitana. Foi, também, a última a terminar.
Na quarta-feira da semana passada, um acordo na Renault-Nissan pôs fim à greve na empresa, que durou oito dias. Na Volvo, o acordo foi fechado no mesmo dia, mas a paralisação durou cerca de 24 horas apenas.
Os trabalhadores da Volvo conseguiram um aumento salarial de 7,57%. Já os funcionários da Renault obtiveram 8,65% de reajuste. Nos dois casos, os empregados ainda conquistaram o direito a um abono salarial de R$ 2 mil. Os acordos da semana passada foram considerados, na ocasião, os maiores registrados na indústria brasileira em 2009.