O comércio varejista encerrou o Natal de 2012 com uma sobra de produtos 10,1% maior do que na mesma data de 2011. Foi a taxa de crescimento dos estoques encalhados mais elevada desde 2010, quando as sobras de produtos tinham aumentado 10,9%, aponta um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O maior volume de encalhe do Natal sustenta o grande número de liquidações neste início de ano. As liquidações incluem não apenas as tradicionais lojas de artigos de vestuário e eletroeletrônicos, mas também materiais de construção e móveis. Os descontos são de até 70%, como os oferecidos pela Telhanorte, Leroy Merlin, Pernambucanas e Magazine Luiza, que programou para hoje a sua tradicional “Liquidação Fantástica”com as lojas da Região Metropolitana de São Paulo abrindo as portas às 5 horas da manhã.
“Muito provavelmente a inflação de janeiro medida pelo IPCA terá um alívio nos preços dos bens duráveis por causa das liquidações”, prevê Fábio Bentes, economista da CNC e responsável pelo cálculo dos estoques. Para estimar o volume de produtos que sobraram do Natal, ele considerou a venda do comércio varejista restrito do IBGE até outubro e projetado para o Natal com crescimento de 5%, a produção da industrial até outubro também apurada pelo IBGE e as importações de bens de consumo acompanhadas pela Funcex.
Bentes destaca que a velocidade de crescimento dos estoques encalhados do Natal deu um “bela acelerada” em relação ao ano anterior. Em 2012, por exemplo, o volume de sobras tinha crescido 4,1%. O principal fator para esse crescimento, segundo o economista, foi o fraco desempenho do Natal. “O varejo se estocou para Natal provavelmente contando com um ritmo de crescimento do último ano, que foi de 8,1%”, diz.
Na avaliação do presidente da Associação de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, neste início de ano há um número maior de lojas em liquidação comparado com o começo de 2013. “Não tivemos um Natal feliz”, diz ele se referindo ao crescimento de vendas de 5% no Natal de 2013 em relação ao anterior e sustentado pela abertura de novas lojas. Considerando as mesmas lojas, ele diz que houve empate.
Fátima Santos, gerente de marketing do Tietê Plaza Shopping, que abriu as portas no mês passado, conta que 50% das cerca de 150 lojas em funcionamento estão em liquidação. Ela observa que os descontos variam entre 30% e 70% e estão sendo puxados para cima pelas grandes rede dos setor de vestuário.
Também na rua Oscar Freire, até pouco tempo atrás reduto das grifes de luxo, a chegada de grandes redes varejistas de vestuário mudou a dinâmica da liquidação deste ano. Segundo a associação dos lojistas da rua, neste ano os descontos estão mais agressivos em relação às liquidações de anos anteriores e há um número maior de lojas que aderiram às promoções.
Móveis e construção
As cinco lojas da capital paulista da Interdomus Lafer, especializada em móveis estão em liquidação desde o dia 2 deste mês, oferecendo descontos de 50%. Segundo o diretor de marketing da empresa, Oscar Lafer, a liquidação da nesta época do ano é uma tradição na empresa. Mas neste ano, no entanto, ele observou que o ritmo de vendas da liquidação está 35% menor em relação ao mesmo evento de anos anteriores. “O consumidor neste ano está mais cauteloso, só compra o que precisa. A perspectiva não é boa.”
A Leroy Merlin, revenda de materiais de construção, é outra que informa que a liquidação nesta época do ano é tradicional para a empresa. Entre hoje e domingo, as 31 lojas da rede estarão em liquidação.
Segundo o diretor, Daniel Costa e Silva, o volume de itens em oferta neste ano será maior em relação ao de anos anteriores. “Em 2012, havia entre 3 mil e 3,5 mil itens em oferta por loja. Neste ano são 4 mil.” Apesar do volume maior de produtos, o executivo explica que não se trata de uma sobra maior do Natal. É que a empresa ampliou a linha de itens de decoração, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.