Brasília – Os bancos cobraram mais caro pelos empréstimos no mês de setembro, quando o custo médio do dinheiro chegou a 45,1% ao ano, com aumento de 1,2 ponto percentual sobre os 43,9% ao ano cobrados no mês anterior. As empresas pagaram mais caro, por causa das operações de crédito vinculadas a recursos externos, sobre as quais pesa a expectativa da oscilação cambial, que evoluiu 3,4 pontos percentuais.
As informações foram dadas ontem pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, ao comentar o relatório de Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, referente ao mês de setembro. Segundo o relatório, os juros para as pessoas físicas se mantiveram estáveis no mês, com evolução de apenas 0,1 ponto percentual, ao passo que para as pessoas jurídicas o aumento chegou a 1,6 ponto percentual.
Os custos para empréstimos pessoais se mantiveram estáveis, por causa da evolução de 5,8% no volume de créditos consignados em folha de pagamento, que pagam em torno de metade dos juros bancários normais. Ele advertiu, contudo, que “já se registra aumento dos juros nos primeiros dias de outubro. Tanto para empresas quanto para operações pessoais”. Mas não citou índices.
Em setembro, as pessoas físicas pagaram 140,6% no cheque especial (mesmo patamar de agosto), 73,9% no crédito pessoal (73,8% no mês anterior), 35,7% na aquisição de veículos (36,3% em agosto) e 60,6% em financiamentos de produtos eletroeletrônicos. Este item teve o maior avanço, de 1,8 ponto percentual, sobre o mês anterior, já por conta de compras de fim de ano.
As empresas pagaram custo igual, de 40,2%, para desconto de duplicatas, e tiveram ligeiras reduções de 0,4 ponto percentual para desconto de promissórias e de 0,9 ponto percentual para capital de giro. Os empréstimos da conta garantida ficaram mais altos em meio ponto percentual, passando de 65,4% para 65,9%.
O aumento maior foi em função do “spread” (diferença entre o que os bancos pagam na captação e o que cobram no financiamento) fixado para as pessoas jurídicas, que passou de 28,8%, em agosto, para 30,4%. Mesmo assim, ainda é menos da metade do “spread” de 63,2% cobrado das pessoas físicas.
Crédito
Apesar do encarecimento do dinheiro, as operações de crédito no mês passado somaram R$ 460,3 bilhões, com expansão de 1,4% sobre o mês anterior e de 12,3% no ano. O resultado de setembro refletiu, principalmente, o aporte de recursos para formação de estoques para as vendas de fim de ano e o custeio e financiamento da safra agrícola, conforme explicou o economista do BC.
Do volume de recursos contratados de R$ 280,4 bilhões (61%) são de bancos privados, que tiveram incremento de 1,8% no mês e de 15,3% no ano. A atuação foi mais expressiva que a dos bancos oficias, responsáveis por R$ 179,9 bilhões (39%) dos empréstimos, que tiveram expansão de 0,8% no mês e de 7,9% no ano. No cômputo geral, a ênfase para os financiamentos de setembro foi para as pessoas físicas (mais 2,6%), comércio (+ 3,3%) e setor rural (+ 2,1%).
A base monetária (dinheiro em circulação) do mês de setembro aumentou 0,9% e atingiu R$ 73,198 bilhões. O saldo de papel-moeda registrou crescimento de 1,4% e somou R$ 50,236 bilhões, enquanto as reservas bancárias diminuíram 0,2%, com volume de R$ 22,961 bilhões.