O maior volume de recursos disponível no mercado de crédito não foi suficiente para reduzir as taxas de juros para a pessoa física. A taxa média passou de 64,5% ao ano em abril para 65,7% ao ano no mês passado – taxa mais elevada desde dezembro de 2003 (66,6%). Ao mesmo tempo, o volume de recursos teve um incremento de 3,5%, para R$ 134,4 bilhões. O aumento da taxa média para a pessoa física é conseqüência dos juros mais altos cobrados nas operações de crédito pessoal, 77,2% ao ano em maio, um aumento de 2,2 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
?O aumento decorre da sazonalidade do mês de maio. O Dia das Mães faz com que as famílias busquem mais crédito?, diz o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Ele espera que em junho as taxas voltem a cair. Na prévia dos dez primeiros dias úteis do mês, há uma queda de 0,7 ponto percentual nas operações para as pessoas físicas.
O aumento ocorre mesmo com a queda de 0,9 ponto percentual nas operações consignadas – desconto em folha de pagamento -, que passou de 36,5% ao ano para 35,6% ao ano em maio.
O crédito consignado está dentro do crédito pessoal. O BC usa uma amostra dos 13 bancos que mais trabalham com crédito pessoal para avaliar a evolução do crédito consignado. Esses bancos representam cerca de 80% das operações. Sem considerar o crédito consignado, a taxa de juros do crédito pessoal teria ficado em 96,8% em maio.
?O (crédito) consignado tem uma competitividade muito grande?, diz Altamir. Por essa razão, as taxas estão em uma trajetória de queda, o que não ocorre com o crédito pessoal.
A taxa de juros do cheque especial ficou estável no mês passado, em 147,6% ao ano. Já a taxa cobrada nas operações para aquisição de veículos teve um aumento de 0,4 ponto percentual e chegou a 37,4% ao ano. A taxa para aquisição de bens ficou praticamente estável, em 57,8% ao ano em maio, 0,1 ponto percentual acima da registrada no mês anterior.
O aumento do custo dos empréstimos não impede que as pessoas continuem a se endividar. O volume de recursos das operações de crédito pessoal cresceu 4% e o do cheque especial – modalidade de crédito com a taxa mais elevada -, 4,2%.
Em linha com a elevação das taxas, o ?spread? – diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes – também subiu, passando de 45,4 pontos percentuais para 46,8 pontos percentuais.
A taxa para as pessoas jurídicas (empresas) também apresentou elevação no mês passado, subindo de 33,3% ao ano em abril para 33,7% ao ano em maio. Essa taxa é a mais alta desde setembro de 2003, quando era de 34%. O ?spread? teve uma elevação de apenas 0,1 ponto percentual, para 13,8 pontos percentuais.
A taxa média, considerando as operações das pessoas físicas e jurídicas, subiu 1 ponto percentual e chegou a 49,4% ao ano em maio, com ?spread? de 30 pontos percentuais.
Inadimplência
Houve queda na inadimplência em maio. A taxa média passou de 7,9% para 7,4% em maio. Para as empresas, a taxa de inadimplência passou de 4,1% em abril para 3,4% no mês passado. Já para as pessoas físicas, caiu de 12,8% para 12,5%.
No mês passado, houve uma expansão de 0,5% no crédito concedido no sistema financeiro – recursos livres e direcionados, como empréstimo habitacional -, o que fez o volume total chegar a R$ 518,3 bilhões. Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), essa quantia manteve-se em 27,2%. Em maio do ano passado, era de 25,5%.
Moody?s tem visão positiva sobre o Brasil
O Tesouro Nacional divulgou ontem uma análise feita pela agência Moody?s sobre a economia brasileira. O documento, que foi distribuído aos assinantes no dia 17 de junho, faz uma avaliação positiva da economia brasileira e afirma que o crescimento entrou numa fase sustentável e com menos volatilidade. Segundo a Moody?s, o País enfrentou choques nos últimos dez anos, mas sua orientação econômica e as reformas feitas pelo governo têm mostrado resultado.
?A capacidade de o País enfrentar choques e superá-los foi testada com sucesso nos últimos tempos?, diz o documento.
A Moody?s também destaca o crescimento das exportações e o ajuste nas contas externas, que fez com que o déficit em conta corrente passasse de US$ 34,1 bilhões em outubro de 1998 para um superávit de US$ 14,2 bilhões em abril deste ano.
O documento da agência não faz referência à atual crise política e afirma que as eleições de outubro de 2006 não devem trazer ?maiores comoções?.
Segundo a Moody?s, ?é inevitável que o ruído político cresça com a proximidade das eleições, no entanto, não há hoje a expectativa de que isso se traduza por mudança na direção ou nos padrões dos gastos do governo, já que a disciplina fiscal parece ter se tornado um valor importante para o eleitor brasileiro e a Lei de Responsabilidade Fiscal tem se mostrado eficaz. Dificilmente haverá em 2006 um choque como se viu em 2002?.