Empresas se unem para abrir oportunidades a deficientes

O analista Romeu Luciano dos Santos, de 33 anos, é uma exceção em uma conta que o País tenta contabilizar: incluir no mercado de trabalho as cerca de 24,5 milhões de pessoas portadoras de deficiência. Com um bom cargo na Renault em Curitiba, Romeu conta que foi admitido devido à sua capacidade de trabalho e não por ser um deficiente motor. ?Passei pela seleção para a vaga como outra pessoa qualquer. Mas tenho pós-graduação e faço mestrado, além de 15 anos no mercado. Tenho uma condição diferenciada, o que para muitos deficientes não acontece?, diz.

 A Lei de Cotas, de 1991, estabelece que as empresas devem reservar vagas para funcionários com deficiência de acordo com seu tamanho, mas a coordenadora de responsabilidade social da Renault, Cristina Gonçalves, afirma que não é fácil preenchê-las. ?A pessoa portadora de deficiência, de maneira geral, sempre foi tratada de modo a ficar marginalizada, não recebendo escolarização. Por isso muitas empresas não encontram pessoas com a condição técnica para o mercado.? A montadora emprega atualmente 120 deficientes e, segundo Cristina, procura não apenas estar de acordo com a Lei de Cotas, mas aposta na qualificação destas pessoas.

?Além de constantemente estarmos adequando nossas instalações para receber estes funcionários, participamos da criação da Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu), que oferece cursos para que eles possam concorrer igualmente com outras pessoas no mercado de trabalho?, conta a coordenadora.

Romeu conta que dentro da empresa sempre foi tratado como qualquer funcionário e acredita que a lei acaba sendo um fator de discriminação. ?Mesmo assim acho ser um mal necessário. Acredito que ela aumenta esta discussão e a abertura do deficiente na sociedade. Tomara que logo não precisemos mais da lei para isso.?

Segundo Anna Elisa Haj Mussi, diretora da Operativa, que realiza gestão empresarial, é preciso sensibilizar os empresários para a contratação destas pessoas. ?Muitas ainda não estão interadas da lei ou de como um deficiente pode ser tão produtivo como qualquer pessoa?, analisa.

Com o objetivo de facilitar o acesso destas pessoas ao mercado de trabalho, a Renault e a Operativa irão realizar hoje ?O Dia do Currículo para Pessoas com Deficiência?. O evento vai cadastrar o currículo de quem está à procura de um trabalho e encaminhar às empresas que oferecem vagas. O evento começa às 10h e vai até as 15h, no Salão de Atos do Parque Barigüi. A programação conta com cadastramento de currículos, orientação sobre como preparar um currículo e participar de entrevistas de emprego, atividades recreativas para crianças, apresentação de peças teatrais, distribuição e sorteio de brindes.

?Vamos ajudar os profissionais a chegarem até as vagas e ajudar as empresas a descobrir onde estão estas pessoas?, diz Anna.

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