A previsão de ampliação das vagas de emprego para o próximo trimestre é maior entre as empresas que apresentam a menor relação entre exportação e faturamento. Segundo dados da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação de julho, compilados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), as empresas que exportam mais de 50% de seu faturamento são as menos otimistas quanto ao aumento do emprego para os próximos três meses.
"Esses resultados confirmam nossas suposições de que a fonte de expansão do mercado de trabalho neste ano é o mercado interno e que assim continuará pelos próximos meses", afirma o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Aloisio Campelo.
De acordo com a sondagem, os executivos das empresas que exportam menos de 10% do seu faturamento são os que mais esperam aumentar suas vagas. O levantamento destaca que 26% dos empresários pretendem contratar, enquanto apenas 2% afirmam que têm expectativa de demitir – o índice mais baixo entre os meses de julho desde 2002 e bem abaixo da média desse período, que é de 11,6%.
Efeito do câmbio
Entre as empresas que exportam mais de 50% do faturamento, 18% delas prevêem ampliar em julho o quadro de funcionários no próximo trimestre – um crescimento de 63,3% na comparação com as expectativas do mesmo período de 2006. O resultado, porém, está abaixo da média histórica para os meses de julho dos últimos cinco anos, que é de 25,6%. "O fator câmbio vem afetando diretamente as empresas que exportam mais de 50% do seu faturamento", explica Campelo.
Ele compara os resultados deste ano com os de 2002, o mais alto dos últimos cinco anos, quando 40% dos empresários pretendiam contratar, e com os de 2004, momento em que esse índice chegou a 34%. "Ao contrário de 2002 e 2004, quando as exportações puxaram o nível de demanda global das empresas, neste ano é o mercado interno o indutor dos empregos. E isso está influenciando na expectativa de contratação dos empresários", salienta.
Demissões
A sondagem aponta ainda, em relação às empresas que vendem ao exterior mais de 50% de seu faturamento, que 6% dos empresários devem demitir no próximo trimestre, resultado acima dos 4% de 2006. No entanto, o indicador está abaixo da média histórica dos últimos cinco anos, que é de 10,6%.
No grupo intermediário da pesquisa da FGV estão as companhias que exportam entre 10% e 50% do seu faturamento. Conforme o levantamento, 21% dos entrevistados pretendem ampliar suas contratações nos próximos três meses, ante a média de 20% dos últimos cinco anos.
Pelo lado das demissões, 14% dos executivos desse grupo afirmaram que vão cortar vagas – segundo resultado mais baixo dos últimos cinco anos -, perdendo apenas para 2004, quando 4% dos empresários informaram reduzir as vagas.