As transportadoras estão sofrendo com a falta de mão-de-obra especializada para a direção de carretas, caminhões de grande porte que levam cargas pesadas. Em virtude do peso dos produtos transportados, o modo de dirigir estes veículos é diferente em relação aos caminhões menores. Muitas empresas optam por deixar candidatos a motoristas de carretas treinando com outros profissionais que já atuam na área, mas nem sempre isto é produtivo. Até mesmo pela grande quantidade de vícios que os mais novos pegam dos mais experientes. A saída é passar por cursos especiais de formação para carretas, que se tornaram essenciais para quem quer dirigir uma carreta.
Um dos cursos foi lançado nesta segunda-feira (25), pelo Sindicato das Empresas de Transporte e Cargas do Estado do Paraná (Setcepar), por meio do Instituto Setcepar de Educação do Transporte (ISET). A primeira turma tem sete alunos, sendo dois que estão empregados em transportadoras que se interessaram pela capacitação e cinco que não exercem a atividade atualmente. O curso, com capacidade para doze alunos por turma, tem duração de 154 horas/aula, distribuídas em quatro semanas. São aulas teóricas e práticas para deixar os motoristas preparados para o mercado de trabalho.
Para passar pelo curso, o aluno deve possui a carteira de habilitação tipo E. “Existe falta de motoristas carreteiros. São profissionais especializados e que precisam ser treinados. Com a carreta, muda tudo. Muda o jeito de trocar a marcha, de frear. As empresas não aceitam motoristas sem o treinamento correto”, afirma Luiz Carlos Podzwato, superintendente do Setcepar.
Ele comenta que, diante da demanda de mão-de-obra, cinco empresas já se interessaram em absorver os alunos formados no curso e que estão desempregados. As pessoas que estão nesta condição recebem uma bolsa de estudos do Setcepar para se manterem durante a realização do curso. Os curtos, com as aulas, de cerca de R$ 1,8 mil, estão sendo absorvidos pelas empresas interessadas nas contratações e pelas transportadoras que enviaram seus profissionais para a formação.
O motorista Jucemar Carneiro recebeu nesta segunda-feira (25) a boa notícia do emprego garantido após o término das aulas. Ele, que trabalha com caminhão há cinco anos, resolveu trocar a carteira de habilitação para dirigir carretas. Mas precisava da qualificação para conseguir uma vaga. Quando soube do curso, deixou o trabalho com o caminhão anterior para se dedicar às aulas. “Se não tiver qualificação, as empresas não contratam mesmo para dirigir caminhões grandes. Procuro sempre me aprimorar. E também com a carreta às vezes pagam melhor. Estou passando pela qualificação já pensando no futuro”, comenta.
Um dos módulos do curso é redução de acidentes, que causam prejuízos para o próprio motorista e também para a empresa. Para Raphael Lobo, coordenador do ISET, além dos aspectos de saúde e financeiros, a menor quantidade de acidentes pode contribuir para a imagem dos caminhoneiros perante a sociedade. “As pessoas sempre veem o motorista de caminhão como culpado pelos acidentes, mas nem sempre é assim. A redução nos acidentes vai contribuir para melhorar a imagem dos motoristas”, explica. “Certo ou errado, o modal hoje no País é o rodoviário, com 60% das mercadorias sendo transportadas pelas estradas. O motorista de caminhão é mocinho e todo mundo acha que é bandido”, opina Podzwato.
Os outros módulos são prático de direção; prático de manobra; prático de amarração e transbordo; noções básicas de mecânica e manutenção preventiva; pneu na prática; primeiros socorros; combate a incêndio; redução de custos no transporte; trânsito, meio ambiente e cidadania; rastreamento e segurança operacional; saúde e qualidade de vida; ética, postura e atendimento ao cliente; habilidades comportamentais; direção responsável; e condução econômica teórica.