Empresas paranaenses temem mercado de capitais

Um levantamento realizado pela curitibana Go4! Consultoria de Negócios constatou que apenas 18 empresas do Paraná são de capital aberto. Das 18, 13 têm papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e 10 na Bolsa de Valores do Paraná (BVPR). Esse é um número pequeno quando comparado aos apresentados por Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Entre as empresas catarinenses, 29 estão vinculadas à Bovespa, que também negocia ações de 51 organizações do Rio Grande do Sul.

Para Karina Cordeiro, consultora da Go4!, tal estatística demonstra o pouco poder de atração que o mercado de capitais exerce sobre os empresários paranaenses, embora participar dele signifique, principalmente, ter acesso a uma fonte barata e abundante de recursos. O empecilho para esses empresários estaria, em primeiro lugar, nas adaptações intrínsecas ao processo de abertura de capital. ?Entrar no mercado de capital aberto traz uma dificuldade natural pela necessidade de adequação a exigências legais, fiscais e societárias que exigem muitas vezes custosas mudanças contábeis e administrativas?, explica Karina.

Também seria um fator de intimidação para as empresas o fato de terem que ficar sob o cerco da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e de terem seus números levados a público. ?Mas essa transparência é benéfica para toda a sociedade, inclusive para a própria empresa?, defende a especialista. ?Quando o desempenho de uma organização passa a ser avaliado pelo mercado, ela se obriga a instituir um processo contínuo de superação de resultados. Se entendermos que isso ao longo do tempo é positivo, percebemos o grande valor do contínuo monitoramento da performance por elementos externos.?

Em parte, o reduzido número de empresas do Paraná em bolsas de valores ainda poderia ser explicado pela trajetória histórica do Estado, cuja economia se desenvolveu apoiada notadamente na agricultura e cujo governo nos últimos anos se preocupou em atrair empresas multinacionais (que optaram, em sua grande maioria, por trabalhar em regime de capital fechado). Se os modelos tivessem sido diferentes, talvez o paranaense hoje fosse mais receptivo ao mercado de capitais, deduz a consultora. Uma mudança de cultura em relação ao assunto seria capaz, inclusive, de incrementar o cenário econômico, destaca Karina. ?Quanto mais empresas aderirem a essa forma de organização, mais dinâmica e moderna ficará nossa economia?, afirma. 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo