Uma série de emissores de dívida de diversas partes do mundo aproveitou o clima de apetite por risco deste início de ano para captar recursos nos mercados. Enquanto a Petrobras levantou cerca de R$ 11 bilhões com uma emissão de bônus em euros e libras, grandes companhias internacionais – especialmente norte-americanas – anunciaram captações nos dois primeiros dias da semana e até alguns emissores soberanos entraram no mercado, como a Irlanda e a Indonésia.
As taxas básicas de juros ainda em patamares historicamente baixos e a relativa calma do mercado de crédito dos EUA estimularam as empresas a emitirem dívida no país. Além disso, as ofertas de companhias norte-americanas foram feitas com certa rapidez antes do início da temporada de balanços do quarto trimestre de 2013 – na quinta-feira, com os resultados da Alcoa -, já que informes ruins poderiam dificultar as captações.
Entre as empresas classificadas como grau de investimento, a FedEx lançou US$ 2 bilhões em bônus de 10, 20 e 30 anos nesta segunda-feira, 6, mesmo dia em que a Commonwealth Edison emitiu US$ 650 milhões em bônus de 5 e 30 anos. A Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, captou US$ 750 milhões em bônus de 3 anos com taxa flutuante e com a reabertura de papéis para 2018.
Para os investidores que buscam dívida com taxa de retorno mais alta, o governo do Sri Lanka foi o primeiro emergente a emitir bônus no mercado internacional neste ano. Ontem o país – que tem rating B+ pela Standard & Poor’s, B1 pela Moody’s e BB- pela Fitch – vendeu US$ 1 bilhão em papéis com vencimento em 5 anos, com yield (taxa de retorno ao investidor) de 6,0%.
Nesta terça-feira, 7, foi a vez de a Indonésia oferecer bônus de 10 anos com yield de 6,2% e bônus de 30 anos com yield de 7,1%, segundo fontes. Com isso o país pretende levantar capital para ampliar suas reservas internacionais. A Indonésia está entre os países emergentes considerados vulneráveis em razão de seu grande déficit em conta corrente e a rupia local perdeu mais de 20% do valor no ano passado.
Enquanto isso na Europa, a Irlanda deixou para trás os três anos de ajuda financeira internacional e vendeu 3,75 bilhões de euros em bônus de 10 anos, depois de atrair demanda de mais de 14 bilhões de euros. Com essa demanda, a Irlanda conseguiu vender os papéis com yield de 3,543% – uma enorme diferença em comparação com o yield oferecido pelos bônus irlandeses de 10 anos em 2011, que era de cerca de 14%.