Empresas devem puxar crédito em 2010

Contrariando uma tendência que prevaleceu em seis dos sete anos do governo Lula, o crédito às empresas deve crescer mais do que os empréstimos às pessoas físicas em 2010. Em primeiro lugar, por causa da onda de investimentos esperada para os próximos anos. Em segundo, pela normalização das condições do sistema bancário. Por fim, a base de comparação na pessoa jurídica é baixa porque em 2009 a crise drenou grande parte dos financiamentos para as companhias, principalmente as de pequeno e médio portes.

“Esperamos uma expansão de 25% para o crédito às empresas e de 20% para as pessoas físicas neste ano”, disse o diretor executivo do Itaú Unibanco, Silvio de Carvalho, frisando que o grupo de pessoas jurídicas, na instituição, inclui as de pequeno e médio portes. “As grandes têm à disposição outras fontes de financiamento, como os mercados externo e de capitais.”

O Santander, terceiro maior banco privado do País, ainda não fechou as projeções de crescimento do crédito no ano. Mas Carlos Leibowicz, diretor do banco de atacado do grupo, reforça a percepção do concorrente. “A taxa de crescimento dos empréstimos às empresas deve superar a do crédito às pessoas físicas”, afirmou.

A pedido do jornal O Estado de S. Paulo, o economista Bruno Rocha, da Tendências Consultoria, calculou o crescimento dos empréstimos a pessoas físicas e jurídicas entre 2003 e 2009. O único desses sete anos em que o avanço do crédito às empresas bateu o das pessoas físicas foi 2008 (31,2% ante 17,2%, descontada a inflação). “Mas esse resultado foi influenciado pelo processo de entrada de grandes empresas no mercado bancário, por causa das restrições impostas pela crise internacional”, observou. Para este ano, ele também avalia que a expansão do crédito à pessoa jurídica superará a da pessoa física.