Empresas dão férias para nove mil metalúrgicos em São Paulo

Cerca de 9 mil dos 13 mil funcionários de empresas metalúrgicas de São Carlos, no interior do Estado de São Paulo, estão em férias coletivas até o início de janeiro em virtude dos primeiros impactos da crise do setor, de acordo com o sindicato da categoria. “Pelo menos 70% da força de trabalho do setor na cidade está parada e não sabemos ainda como será a situação quando os trabalhadores voltarem das férias”, disse Rosalino de Jesus de Barros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté.

Esta semana, a Tecumseh do Brasil, uma das maiores fábricas de compressores para geladeiras e aparelhos de ar condicionado do mundo, deu férias para 90% de seus 4,3 mil funcionários. Desde setembro, a empresa já demitiu 800 trabalhadores. “A companhia nunca deu férias coletivas nesta época do ano”, afirmou Barros.

Já a Electrolux, que não renovou os contratos de trabalho temporários com 150 funcionários, demitiu outros 80 efetivos e antecipou as férias coletivas para quase todos os 1,5 mil empregados. Na fábrica de motores da Volkswagen, 670 empregados diretos e mais de 200 prestadores de serviço também estão sem trabalhar até janeiro. “Essas duas empresas até previam férias coletivas, mas tiveram de antecipá-las”, afirmou o sindicalista.

Pelo acordo coletivo assinado entre as indústrias e o sindicato filiado à Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), os empregados têm estabilidade de 30 dias após o retorno de férias coletivas, o que, segundo Barros, não impede demissões. “É só a empresa pagar as indenizações previstas no acordo e demitir, os que nos deixa preocupados”, disse o presidente do sindicato.

O prefeito de São Carlos, Newton Lima (PT), afirmou que as férias coletivas são motivo de preocupação para o poder público, já que poderão vir demissões após o retorno ao trabalho. “Espero que elas não ocorram”, disse Lima, que deixa o cargo em janeiro, após dois mandatos, e será substituído por Oswaldo Barba (PT).