A crise que se instaurou entre Espanha e Argentina depois da expropriação da YPF colocou o governo espanhol em uma situação delicada. Se por um lado o Executivo do país ibérico sente-se na obrigação de reagir à represália para defender sua honra diante do “ataque” sofrido por sua ex-colônia, de outro sofre forte pressão das cerca de 400 empresas espanholas que têm negócios na Argentina da ordem de US$ 22 bilhões, o que coloca a Espanha no posto de maior investidor no país sul-americano.
O silêncio foi a marca de grandes investidores como Telefônica, Santander, Abengoa, Endesa e Gas Natural para o episódio Repsol/YPF. Procuradas pela reportagem, as companhias informaram que não comentariam o assunto. Receosas de que a Repsol tenha sido uma espécie de bode expiatório, elas e as outras centenas de empresas com presença na Argentina optaram por não se posicionar sobre o tema, temerosas de que alguma delas seja a próxima da lista, afirmam fontes do mercado.
Essas mesmas fontes asseguram que as empresas têm pressionado o governo para que modere as sanções contra a Argentina para não haja um efeito dominó sobre os investidores que estão no país há anos e têm significativa parte de seus negócios concentrados no país. Essa importância cresce, sobretudo, diante do cenário de grave crise econômica que a Espanha está enfrentando, sem perspectiva de recuperação no curto prazo.
De fato, para muitas companhias, a Argentina tem um papel quase vital. Para a Codere, por exemplo, empresa do setor de jogos com 14 bingos em território argentino, o país sul-americano representa nada menos que 52% de sua receita, que em 2011 alcançou US$ 730 milhões. Entre os gigantes do mercado, como Telefónica, BBVA e Santander, 5% do faturamento é oriundo da Argentina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.