Empresas cobram mais investimento público em ferrovias

Como resultado dos aportes realizados pela iniciativa privada, a produção ferroviária nacional aumentou perto de 70% nos últimos dez anos, passando de 137,2 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil transportada) em 1997 para 232,3 bilhões de TKU em 2006. Entretanto, as empresas concessionárias preocupam-se com a continuidade do crescimento, que depende também de recursos do governo.

"Se a contrapartida da União continuar reduzida, a produção do setor poderá parar de crescer entre 2010 e 2012, comprometendo a eficiência da infra-estrutura logística e o desenvolvimento econômico do País", diz Vilaça.

De acordo com um estudo elaborado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), intitulado Plano de Logística para o Brasil (PLB), o País precisa de pelo menos mais 10 mil quilômetros de ferrovias para atender eficientemente o crescimento do País. Segundo o documento, a expansão e a duplicação de parte da malha é uma forma para equilibrar a composição modal do transporte atual e eliminar gargalos.

Segundo a entidade, entre os problemas encontrados atualmente na malha ferroviária brasileira estão a grande variação nos tempos de viagem e as baixas velocidades na transposição de regiões metropolitanas, causadas pelo excesso de passagens de nível e invasões na faixa de domínio.

A ANTF lembra que a implantação de 10 mil novos quilômetros de ferrovia fariam o Brasil voltar aos patamares de 1958. "Seria apenas uma recuperação em relação ao que havia antes da concessão da rede para a iniciativa privada", diz o diretor da entidade. O executivo defende que é preciso resolver os problemas existentes, para depois pensar na expansão. Vilaça ressalta que o governo também sofreu na semana passada os problemas de invasões na faixa de domínio, com o tiroteio que atingiu o trem que levava o ministro das Cidades, Márcio Fortes e da Secretaria Especial dos Portos, Pedro Brito, no Rio de Janeiro.

O executivo ressalta que, se não forem realizados investimentos na área de transporte, o País corre o risco de passar por sérios problemas entre 2010 e 2012. Vilaça lembra que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investimentos de R$ 7,1 bilhões para o modal ferroviário até 2011, o que "já é um bom começo". Conforme o diretor da ANTF, todas as 13 obras previstas já foram iniciadas, mas estão em estado de atenção porque tiveram problemas com o TCU, com o Ibama ou mesmo por deficiências do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit).

Entre as principais obras, estão a construção da Transnordestina da Norte-Sul e do trecho norte do Ferroanel, em São Paulo. "Além disso, existem obras importantes para redução de gargalos em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia e Mato Grosso", afirma. O diretor da ANTF lembra que o setor ferroviário tem crescido 6,2% acima do PIB e deve fechar 2007 com expansão em torno de 10%. Segundo ele, a evolução do setor está lastreada, principalmente, no transporte de commodities agrícolas e minerais.

O modal ferroviário representa atualmente em torno de 26% da movimentação de cargas no País, contra 60% do modal rodoviário. As ferrovias transportaram 431,8 milhões de toneladas em 2006, ante 934,4 milhões de toneladas de cargas transportadas por rodovias. O sistema ferroviário brasileiro totaliza atualmente 29.487 quilômetros de extensão, dos quais 27.917 quilômetros são operados pela iniciativa privada. A malha está concentrada nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

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