Na semana passada, a siderúrgica Gerdau comprou as ações que ainda não detinha na Ameristeel por US$ 1,6 bilhão. Quinze dias atrás, o frigorífico Marfrig levou a Keystone por US$ 1,26 bilhão. Esses são os dois lances mais recentes da retomada da internacionalização das empresas brasileiras. As multinacionais verde-amarelas estão aproveitando o real forte e as pechinchas oferecidas no pós-crise para ir às compras.

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Os empresários brasileiros adquiriram mais concorrentes no exterior que os estrangeiros no País neste início de ano. De janeiro a maio, as companhias nacionais investiram US$ 11,16 bilhões em aquisições ou no aumento de sua participação em companhias das quais já eram sócias. O valor superou os US$ 10,68 bilhões que os estrangeiros trouxeram ao País para aquisições. Os Estados Unidos se tornaram o principal alvo e absorveram 40% dos investimentos (excluídos paraísos fiscais).

O cálculo exclui as transferências entre matrizes e filiais. O investimento direto é a soma da compra de participações no capital e de empréstimos inter-companhias. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso Lima, “as aquisições não são um movimento tático, mas estratégico das empresas nacionais no exterior”.

A única vez que os brasileiros compraram mais empresas no exterior que agora foi em 2006, quando a Vale adquiriu a canadense Inco por US$ 18 bilhões. A magnitude da transação distorce os dados, o que torna a virada atual inédita. Em 2004, os brasileiros investiram US$ 6,64 bilhões em aquisições no exterior.

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Com exceção de 2006, o recorde foi em 2008, com US$ 13,9 bilhões – pouco acima do obtido em cinco meses deste ano. As aquisições no exterior demonstram a robustez das empresas brasileiras no pós-crise, mas são mais um fator de pressão nas contas externas do País, que devem terminar o ano com déficit de cerca de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).