O presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Rubens Barbosa, manifestou preocupação com o fato de o governo brasileiro ter atribuído à China o "status de economia de mercado". "Os principais países desenvolvidos não reconheceram o status de economia de mercado da China. No acordo que foi assinado com a OMC (Organização Mundial do Comércio), esse status seria estabelecido somente em 2016. Então estamos nos antecipando", disse.
A preocupação, manifestada ontem por Barbosa, é que a iniciativa prejudique setores brasileiros em que a China é bastante competitiva, como o de brinquedos, calçados e têxtil, caso haja uma atuação muito agressiva no Brasil, como aconteceu nos Estados Unidos. De acordo com Barbosa, a China tem hoje um superávit de US$ 142 bilhões na relação comercial com os EUA.
Já o Brasil é superavitário no comércio exterior com a China. No ano passado, o Brasil teve saldo positivo de US$ 2,4 bilhões no comércio com os chineses. As exportações brasileiras para aquele país somaram, em 2003, US$ 4,5 bilhões, e, as importações, US$ 2,1 bilhões.
Neste ano, porém, até agosto, as exportações para a China estão em US$ 3,9 bilhões, e as importações em US$ 2,2 bilhões.
Nota da Fiesp
A Fiesp divulgou uma nota no dia 13 deste mês, um dia após o Brasil ter atribuído "status de economia de mercado" à China.
Na nota, a federação criticou a decisão do governo brasileiro. "A súbita decisão governamental que considera a República Popular da China uma economia de mercado conta com a desaprovação da indústria de São Paulo", dizia.
Para justificar suas críticas, a Fiesp disse que a China "é o país contra o qual existe o maior número de medidas de defesa comercial aplicadas pelo governo brasileiro, e por outros vários países do mundo".
"A constatação desse fato tem permitido às empresas brasileiras provar suas perdas com importações feitas a preços de dumping. Ao confrontar os valores de mercado praticados internacionalmente, essa realidade fica bem clara."
Para a Fiesp, a decisão política coloca a "indústria paulista e a brasileira em posição de vulnerabilidade".