Os empresários paranaenses estão otimistas com os novos governantes, embora não exagerem nas expectativas. Os dirigentes das entidades de classe da indústria, comércio e agropecuária concordam com a priorização das causas sociais, prometidas tanto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto pelo governador Roberto Requião. Outro ponto consensual é a aprovação urgente das reformas para a retomada do crescimento econômico e conseqüente redução do desemprego.
O presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), José Carlos Gomes Carvalho, analisa com “otimismo moderado” o novo quadro político. “O mundo passa por inúmeras mudanças, mas sou daqueles que prefere transformar as crises em oportunidades. O ano será de muitos desafios, mas não temos nada a temer. Acredito nas boas intenções dos governos Lula e Requião”, afirma. Para ele, a transição do Poder tanto no País quanto no Estado representam a sublimação da democracia. “Lula chega ao Planalto com popularidade e credibilidade jamais vistas no País e reafirmou com clareza que quer fazer as reformas fundamentais (tributária, previdenciária, trabalhista, política e agrária)”, considera.
“No plano estadual, o Requião já foi um bom prefeito e governador. Ele terá um clima muito favorável porque o governo federal fala a mesma linguagem”, diz Carvalho, que integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social criado pelo presidente. O presidente da Fiep considera estimulante para o setor a promessa de benefícios idênticos do governo do Estado às empresas paranaenses e multinacionais. “Justiça social só se faz com desenvolvimento econômico. Espero que o PIB do Paraná cresça, que o Estado gere mais empregos e seja mais justo com aqueles que precisam”, opina.
Coragem
Também está otimista o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais, Industrias e Agropecuárias do Paraná), Jefferson Nogaroli. “O Brasil é um País totalmente viável, mas falta coragem para alguém ir e fazer as reformas que desoneram o custo de produzir no Brasil, que é muito alto. Se o governo promover as reformas que propõe, com esta força e vontade que está, com certeza teremos uma condição bastante favorável para o País”, ressalta. Apesar da expectativa positiva, ele cobra pressa nas medidas. “Se o Lula não começar as reformas em janeiro, vamos ter problemas. FHC trocou as reformas pela reeleição e isso custou caro ao País”. Se o governo não resolver o problema da fome, o consumo interno continua reduzido, aponta.
Nogaroli prevê um primeiro semestre difícil, com melhora na segunda metade do ano. “As coisas estão claras. Lula está se portando com maturidade, fazendo uma boa escolha de ministros, que deram conforto ao mercado. O importante é que a transição está suave, mantendo aquilo que deu certo no governo FHC”. No Paraná, Requião já manifestou apoio ao projeto de cooperativas de crédito, a principal bandeira da nova gestão da Faciap. “Esperamos parcerias onde parte dos recursos do Estado e da Agência de Fomento possam transitar pelas cooperativas de crédito”.
Na mesma linha da Fiep e da Faciap, o presidente da ACP (Associação Comercial do Paraná), Marcos Domakoski, manifestou confiança no governo Requião em carta aberta dirigida a ele, publicada ontem nos principais jornais do Estado. “Nós empresários, estamos confiantes que as estratégias apresentadas pelo senhor governador serão capazes de restabelecer o autocomando do Paraná sobre seu próprio destino tão almejado que é o alcance do desenvolvimento sustentado”, diz o documento, que apoia a construção de um modelo sociopolítico que governe para as maiorias pobres e permita a inclusão social. Domakoski destaca ainda a importância da unificação da Copel, da Caixa Econômica do Paraná, dos pactos entre trabalhadores, empresários e governo e da retirada das grades do Palácio Iguaçu