Setor produtivo bota fé no novo presidente.

São Paulo – A taxa básica de juros da economia brasileira, ontem em 21% ao ano, deverá ser diminuída no governo Lula, segundo apontam 60% de um universo de 313 empresários consultados em uma pesquisa realizada pela TCA Consultores sob tema “Perspectivas do Empresariado Sobre o Governo Lula”. A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de outubro e 6 de novembro.

Para os que apostam na redução de juros, esta seria a forma que o futuro governo teria para retomar o crescimento econômico proposto durante a campanha. Mas como juros menores incentivam o consumo e estimulam a inflação, 40% dos consultados esperam mais aperto monetário.

Entre os dirigentes empresariais consultados, 7% são do setor atacadista, 12% do comércio varejista, 25% da indústria e 56% do setor de serviços. Os empresários se mostram também otimistas com relação ao governo Lula quando a questão envolve os salários. Para 68%, ou pouco mais de dois terços dos entrevistados, o governo do PT vai promover um aumento no salário dos trabalhadores. “Como os gastos com a previdência estão vinculados aos salários, este será um bom quebra-cabeças que os novos governantes terão que solucionar”, afirmam os técnicos da TCA Consultores. Ainda segundo a pesquisa, 52% dos dirigentes esperam que o futur o governo aumente seus gastos, enquanto 48% estão prevendo redução dos gastos públicos.

O acordo com o FMI prevê uma meta de superávit primário de 3,75% do PIB para o próximo ano, o que segundo os empresários consultados, deixa pouca margem de manobra pa ra novos gastos. Por isso, mais da metade dos consultados, 60%, acreditam que o novo governo promoverá um aumento na carga tributária para obter recursos para financiar os gastos sem necessidade de se elevar a dívida interna. A perspectiva para a política cambial quase que dividiu as opiniões dos empresários.

Para 57% deles, a taxa de câmbio deverá ser reduzida a partir do início do próximo governo. Na outra ponta, 43% acreditam que o dólar continuará sua escalada de alta. De um lado estão os que acreditam no incentivo às exportações e do outro, os que prevêem dificuldades para a renegociação do futuro governo com as instituições financeiras internacionais para a renegociação e obtenção de novos empréstimos, o que pressionará o câmbio.

Considerando estas variáveis, os empresários esperam que no primeiro semestre de 2003 o nível de desemprego seja mantido. 69% apostam nisso. Outros 13% trabalham com a possibilidade de o nível de desemprego se elevar. Os demais 18% estão mais otimistas, projetando que da do desemprego já no primeiro semestre do ano que vem.

Fortalecer o Mercosul

Ainda segundo a pesquisa, 24% dos 313 empresários e dirigentes de empresas consultados entre os dias 29 de outubro e 6 de novembro, o governo de Lula terá que renegociar os acordos internacionais firmados pelo governo FHC. Desta forma, o País enfrentará maiores dificuldades para obter novas linhas de financiamentos estrangeiros. Com isso, afirmam 12% dos entrevistados, o novo governo poderá ter que conviver com certa instabilidade política.

Com relação aos parceiros comerciais, somente 6% dos 313 empresários e dirigentes consultados esperam uma aproximação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), principalmente por conta das barreiras impostas pelo governo americano. Diante destas dificuldades, 21% dos consultados acreditam que o governo brasileiro deverá centrar suas energias no fortalecimento do Mercosul, onde o Brasil é, sem dúvidas, a maior economia. Entre os pesquisados, outros 19% acreditam que o Brasil buscará se alinhar com a Comunidade Européia.

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