Depois de três horas de reunião com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e o relator da medida provisória da Cofins, deputado Jamil Murad, alguns empresários deixaram o Ministério da Fazenda desanimados com a possibilidade de mudanças na medida provisória. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, afirmou que não houve perspectiva de mudança de nada por enquanto.
“Houve simplesmente o entendimento das informações que foram passadas e o compromisso de avançarmos nas discussões”, disse ao relatar que durante a reunião cada setor apresentou como sofrerá o impacto da Cofins, e uma nova reunião será marcada para sexta-feira ou segunda-feira para aprofundar a discussão sobre o assunto.
No caso da indústria da construção, a mudança na cobrança da Cofins provocará um aumento de 2,3% em média nos produtos, resultado de uma alta de 75% na alíquota após as deduções previstas na MP.
O empresário destacou ainda que o setor enfrentará outros problemas com a medida, como a dificuldade de repactuação das obras públicas e dos contratos de vendas de terrenos, imóveis já comercializados e imóveis na planta.
“Não podemos dizer que foi frustrante porque nós não encerramos as negociações”, disse ao remeter a esperança de avanços nas negociações para a próxima reunião com o governo.
Entre as possibilidades de mudanças no texto que diminuiriam o impacto da mudança na Cofins ele citou a isenção de crédito da folha, de crédito presumido, além da preservação dos contratos em andamento.
Ele explicou que no caso dos imóveis já vendidos, os recebíveis a partir de fevereiro serão taxados sem nenhuma possibilidade de crédito, o que representará um ônus sobre os contratos já assinados. “Isso é rompimento, é uma mudança em cima de um contrato já assinado”, disse.
Alimentos
O presidente da Nestlé, Ivan Zurita, afirmou que no caso do setor de alimentos a mudança na cobrança da Cofins eleva o custo do produto em 3,5%. “Na minha parte eu não tenho dúvidas de que vai aumentar. Minha preocupação é que isso vai aumentar e a indústria está num limite de custos de ajuste e não tem como absorver isso”, alertou.
Questionado se esses custos adicionais seriam repassados para o consumidor, ele afirmou que se não houver outra maneira, vai. “Eles dizem que uns vão pagar menos e outros mais. A pergunta que eu faço é que se aqueles que vão pagar menos se vão tirar do preço. Isso depende de cada um”, completou.
Na avaliação de Zurita, “a conclusão da reunião não foi nada animadora”. Isso porque não houve decisão e o que se falou não era novidade. “Foi importante para a gente colocar nossa posição clara. Se ainda não estava clara”, disse.
