Empresários acham Copom conservador

O Comitê de Política Monetária (Copom) provocou polêmica ao anunciar, na noite da última quarta-feira, a redução da taxa Selic em 0,75 pontos percentuais, fixando-a em 17,25%. O decréscimo modesto da taxa de juro básico da economia é apontada como uma atitude conservadora do Banco Central pelo presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), Darci Piana.

Segundo o presidente, o conservadorismo revela despreocupação com o crescimento do Brasil. ?Com reuniões do Copom a partir de agora de 45 em 45 dias, a redução adotada poderia ter sido resumida em 0,5 % em janeiro e 0,25% na metade do mês seguinte?, diz.

O reflexo negativo da postura do Banco Central está, segundo Piana, na crescente queda de emprego, registrada pelo Caged, e no descenso da produção industrial, apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). ?A economia dá mostras nítidas de que está com um pé no freio. Está na hora do governo mostrar ao País que se preocupa com o desenvolvimento. O Brasil tem o pior crescimento de toda a América Latina, e precisa mudar isso, urgentemente.?

Discurso

O discurso do presidente da Fecomercio (Federação do Comércio de São Paulo), Abram Szajman, é o mesmo propalado no Paraná. Ele prevê que uma vez mantidas as decisões conservadoras, o País pode ter um crescimento raquítico em 2006

?Se a trajetória de queda da Selic não for mantida, o crescimento do País está comprometido, como aconteceu em 2005.?

Szajman afirma que no nível atual, a Selic inibe o setor produtivo, de modo que se faz necessário uma reavaliação. ?Há motivos suficientes para que o Copom se empenhe para encontrar uma taxa de juros que não afete a inflação e que, ao mesmo tempo, dê um certo fôlego à economia.?

O presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, também criticou o que chamou de redução homeopática. ?O crescimento da economia brasileira ainda é pífio e muito abaixo do crescimento econômico de outros países. Pagaremos um preço ainda mais alto no futuro para arrancar o País da depressão, fortalecer as exportações e melhorar a saúde financeira das empresas, abalada pela política dos juros elevados.?

Segundo Loures, a decisão conservadora do Compom evidencia a necessidade de mudança do sistema de governança da política econômica brasileira. ?A gestão da política econômica segue um modelo anacrônico, porque não produz o efeito desejado; antidemocrático, já que ignora as divergências da atual política econômica, e não patriótico, porque debilita a economia brasileira?.

Reflexos

Apesar das críticas sobre a timidez na redução da Selic, a decisão do BC já refletiu nas taxas de algumas linhas de financiamento a empresas. Ontem, a Caixa Econômica Federal alterou, por exemplo, as operações de desconto de duplicatas. As taxas, que variavam de 1,97% a 3,48%, caíram para o intervalo de 1,85% a 3,37%.

O Banco do Brasil também anunciou a redução das taxas de juros de algumas das suas linhas de crédito, como o cheque especial e o cartão de crédito. A taxa de juro mínima caiu de 2,63% ao mês para 2,60%. Já a máxima teve uma redução de 8,03% para 7,99% ao mês.

A taxa do crédito direto ao consumidor de quem possui conta-salário caiu de 4,65% para 4,60% ao mês, e os juros dos empréstimos eletrônicos também estão menores, caindo de 4,85% para 4,80%.

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