Empresário inventa ?fossa ecológica?

Muitas vezes não é preciso gastar muito para se chegar a soluções úteis. Tampouco para inventar é necessário muita teoria. Conhecimento prático e empenho bastam para alcançar resultados surpreendentes. Em Matinhos, no litoral do Paraná, problemas como qualidade e limpeza da água e tratamento de esgoto são bastante sérios. Na tentativa de solucioná-los, uma alternativa simples e econômica, criada por um morador, está chamando a atenção da comunidade universitária local e de órgãos especializados.

O empresário João de Aviz trabalha há 25 anos no ramo de material de construção. Como investidor e morador do município, ele tem total interesse na qualidade da infra-estrutura local. Mesmo sem ter qualquer formação em nível superior, apenas considerando a realidade em que vive, João inventou uma caixa séptica que pode ser a solução para o problema do litoral paranaense e de outras regiões do País. ?A idéia surgiu em função da problemática da balneabilidade (poluição da água) que é seríssima e que sofremos nos últimos anos. A intenção era encontrar um meio de minimizar esse problema. Desenvolvi, então, o projeto de um material alternativo e inovador, diferente de tudo o que se tem hoje?, explica Aviz.

Segundo o inventor, hoje quase todas as ligações feitas às fossas sépticas – domésticas ou não – são equivocadas. Todos os resíduos produzidos são enviados em uma única tubulação e um único destino, o que sobrecarrega e não limpa a água a ser retornada ao ambiente. É onde começa o problema da poluição. ?O meu projeto é uma caixa de EPS, com revestimento de vinil, que segue todas as normas exigidas pela ABNT. Sobre as fossas sépticas, a exigência principal é uma vazão máxima de 3% sobre a altura do compartimento líquido. Pela minha caixa, nos testes consegui zerar a vazão em 12 horas. O diferencial é que nesse piloto, todos as águas (do vaso, da pia, da máquina de lavar, etc) correm separadas. Em fossas comuns, são lançados milhares de cloriformes fecais nos sumidouros. Na minha invenção, os resíduos antes de serem liberados passarão por um clorador, com regulagem suficiente para matar as bactérias e devolver ao meio ambiente uma água mais natural?, expõe.

A idéia já foi patenteada. João já foi procurado pela Sanepar para expor o projeto e ele conta que o órgão manifestou interesse em colocar em prática a alternativa. ?Trata-se de uma solução dinâmica, que atende residências, comércios, prédios, ou seja, que se adapta a diferentes realidades, inclusive a rural?, afirma. Com dois metros de cada lado, sendo a fossa de um metro por dois e a caixa de gordura com a mesma medida, o custo da caixa, instalada, fica em média R$1,1mil. ?Pode não parecer muito econômico, mas se adotar o sistema, a Sanepar sem dúvida gastará menos em tratamento e a pessoa não precisará gastar em limpeza, por pelo menos dez anos?, sugere.

Até a próxima semana, Aviz deve instalar a caixa para teste real, com os resíduos produzidos por ele e pela família, em frente à própria residência. Se o projeto for aprovado, ele ainda não sabe se irá desenvolver a nova mercadoria ou se vai vender a patente para que terceiros produzam o produto. ?Para a cidade, a adoção do sistema, principalmente para as novas residências, é um retorno econômico grande. A possibilidade de Matinhos deixar de ter alguns pontos de poluição, ou seja, de melhorar a qualidade da água, atrai mais investimentos e investidores para cá?, conclui o inventor.

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